Rev. Tec. Cient. CEJAM. 2025;4:e202540044
Autoria
Evelyn Cristina Silva dos Santos1
ORCID: https://orcid.org/0009-0000-6023-4595
Carolina Fernanda Machado Cassamassimo1
ORCID: https://orcid.org/0009-0007-8421-2201
Rosângela Maria dos Santos1
ORCID: https://orcid.org/0009-0009-4213-5783
Brenda do Nascimento Lima1
ORCID: https://orcid.org/0009-0000-1251-2466
Vinicius de Souza Campos1
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7909-338X
Instituição
¹Hospital Municipal Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha - Campo
Limpo, São Paulo, Brasil.
Autor Correspondente
Evelyn Cristina Silva dos Santos
e-mail: evelynsantos.psico@gmail.com
Como citar este artigo
Santos ECS, Cassamassimo CFM, Santos RM, Lima BN, Campos
VS. Cuidados Paliativos em Pronto Socorro: desafios e
potencialidades da reunião familiar. Rev. Tec. Cient. CEJAM.
2025;4:e202540044. DOI: https://doi.org/10.59229/2764-
9806.RTCC.e202540044.
Submissão Aprovação
07/02/2024 27/03/2024
Artigo de Reflexão
Cuidados Paliativos em Pronto Socorro: desafios e
potencialidades da reunião familiar
Palliative Care in the Emergency Units: Challenges and
potential of family meeting
Resumo
Objetivo: Trazer elementos da relevância da Reunião Familiar para
a adesão e gerenciamento dos cuidados paliativos. Método: Trata-
se de um artigo de reflexão assistido pela evidência da literatura e
prática profissional. Resultados: A fragilidade na comunicação com
os familiares, o tempo de elegibilidade dos cuidados paliativos e a
ausência de uma reunião preliminar entre a equipe multiprofissional
para construção de um Projeto Terapêutico adequado conduziu a
circunstâncias de insucesso dos cuidados paliativos no caso
apresentado. Conclusão: Os cuidados paliativos mesmo em unidade
de urgência e emergência melhora a qualidade de vida dos pacientes.
A reunião familiar é um pilar central nesse processo de cuidados, sua
execução se torna fator decisório para a assistência prestada. Deste
modo, nota-se a necessidade de um projeto de educação continuada
para os profissionais de saúde que qualifique o trabalho realizado.
Descritores: Cuidados Paliativos; Psicologia; Serviço Social;
Reunião Familiar; Pronto Socorro.
Abstract
Objective: To bring elements of the relevance of Family Meetings to
the adherence and management of palliative care. Method: This is a
reflective article supported by evidence from the literature and
professional practice. Results: Fragility in communication with family
members, the eligibility timeframe for palliative care, and the
absence of a preliminary meeting among the multidisciplinary team
to construct an appropriate Therapeutic Project led to circumstances
of palliative care failure in the presented case. Conclusion: Palliative
care, even in urgent and emergency units, improves patients' quality
of life. The family meeting is a central pillar in this care process; its
execution becomes a decisive factor for the assistance provided.
Thus, there is a need for a continuous education project for
healthcare professionals to qualify the work performed.
Descriptors: Palliative Care; Psychology; Social Works; Family
Meeting; Emergency Units.
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Rev. Tec. Cient. CEJAM. 2025;4:e202540044
INTRODUÇÃO
Segundo a definição da Organização Mundial de Saúde
(OMS)(1), os Cuidados Paliativos se definem a partir de uma
abordagem que melhora a qualidade de vida de pacientes (adultos
e crianças) e suas famílias, que enfrentam problemas associados
a doenças que ameaçam a vida. Visa a prevenção e o alívio do
sofrimento, através da identificação precoce, avaliação correta e
tratamento da dor e de outros problemas físicos, psicossociais e
espirituais.
Neste cenário, a família se torna um fator essencial para a
realização dos cuidados paliativos, sendo necessário o seu
envolvimento ao longo de todo o processo. Conforme preconizado
na Norma Operacional Básica (NOB) do Sistema Único de
Assistência Social (SUAS)(2), a família deve ser apoiada e ter
acesso a condições para responder ao seu papel no sustento, na
guarda e na educação de suas crianças e adolescentes, bem como
na proteção de seus idosos e portadores de deficiência.
Para Andrade(3), o êxito dos cuidados paliativos prestados ao
paciente e sua família depende de como a equipe apoia essa
unidade de cuidados e prepara os seus membros
multidisciplinares para esta intervenção. É importante existir uma
integração interdisciplinar, mesmo considerando que para cada
unidade de cuidados se faça necessária a presença de um
profissional da equipe que esteja diretamente envolvido na
situação, o assim chamado “gestor de caso”. Esse será o principal
elo de comunicação com a família, o que é valorizado pelos entes,
principalmente por possibilitar um vínculo de confiança, evitando
ainda as contradições nas informações.
Nesse processo, a comunicação é decisória para os cuidados
com o paciente e familiares. Para Silva(4), uma comunicação
efetiva favorece meios de ajudar o paciente a esclarecer os seus
problemas e melhor enfrentá-los, com participação ativa no
processo de tomada de decisão e na busca de alternativas para
soluções dos problemas reais ou potenciais. De acordo com a
autora, além de auxiliá-lo a desenvolver novos padrões de
comportamento, também possibilita o ressignificado de sua vida.
Deste modo, o estudo objetiva trazer elementos da relevância
da Reunião Familiar para a adesão e gerenciamento dos cuidados
paliativos em pronto socorro, provocando por meio de um estudo
de caso, reflexões, sobre os desafios e potencialidades da reunião
familiar.
MÉTODO
Desenho, período e cenário
Trata-se de um artigo de reflexão assistido pela evidência da
literatura e prática profissional. A abordagem exploratória e
reflexiva seguiu os seguintes passos: delineamento da pesquisa,
preparação e coleta dos dados da literatura, Reflexão sobre
atividade prática e atendimentos de pessoas e elaboração da
redação final.
O objeto do estudo tomou por base o contexto de atendimento
de casos de cuidados paliativos na unidade de internação do
Pronto Socorro de um hospital público municipal da região sul da
Cidade de São Paulo, uma região caracterizada por alta e altíssima
vulnerabilidade social.
O hospital é referência em traumas, neurocirurgia e
bucomaxilofacial e Psiquiatria. O Hospital abrange um distrito
conhecido pela presença de uma grande vulnerabilidade social.
RESULTADOS
Reflexão
Conforme preconizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS)(5),
foi estabelecido um fluxo assistencial para promover uma
organização da Rede de Atenção à Saúde; rede esta que é
composta pela atenção básica e especializada. A primeira tem
como referência a Unidade Básica de Saúde (UBS), onde seu
principal objetivo é realizar intervenções direcionadas à
prevenção e promoção à saúde. Seguindo com a atenção
especializada, composta pelos ambulatórios e hospitais, sendo
estes divididos em cuidados de média e alta complexidade.
Tendo em vista que a presente reflexão está circunscrita a
unidade hospitalar, é importante pensar em sua formatação, uma
vez que a função principal é realizar os primeiros socorros, diante
de uma doença / trauma que ameace a vida e precise de
intervenções mais complexas e imediatas.
Ao adentrar em um pronto socorro, o paciente é tratado por
sua queixa principal, sendo as condutas dirigidas a estabilização
do quadro clínico, tratamento, monitorização e encaminhamentos
para os setores de enfermaria, para recuperação e,
posteriormente, quando alta hospitalar, encaminhamento para
rede assistencial para continuidade de cuidados.
Em um cenário de demandas emergenciais, percebe-se que
pouco espaço para a escuta do doente, bem como de sua família,
uma vez que a atenção está direcionada para a resolução da
queixa. A comunicação é realizada nos boletins médicos, que
ocorrem diariamente e os familiares têm a oportunidade de
esclarecer suas dúvidas e terem notícias atualizadas.
Nesses serviços, os profissionais emergências enfrentam vários
desafios: frequentemente, não contam com prontuário eletrônico
para entender melhor a evolução da doença; muitas vezes, não
conseguem conversar com o médico responsável pelo
atendimento longitudinal do paciente; são obrigados a tomar
decisões sob a pressão do tempo e, comumente, de escassez de
recursos(6:22).
Diante disso, o cenário hospitalar evidencia as muitas vezes
em que ruídos na comunicação, seja por mudanças de
profissionais / plantonistas ou até mesmo pela rotina dinâmica
das unidades, além da condição emocional do receptor, que por
vezes está fragilizada e não retém o que lhe foi passado.
Percebe-se que essa lacuna se faz presente de forma muito
significativa quando falamos em comunicação de más notícias,
dentre elas os cuidados paliativos.
Conforme levantado por Ribeiro e Filho(6), muitas vezes a
escassez de tempo se torna uma justificativa para que o assunto
não seja abordado. Porém, eles seguem dizendo o quanto cada
momento durante a internação pode ser utilizado de forma
efetiva, para que o paciente expresse seus desejos e possa
compartilhar com a família.
Em um estudo realizado por Santana e Colaboradores(7), foram
apresentados dados relacionados a importância de o assunto ser
tratado de forma precoce em um pronto socorro, mostrando
melhora na qualidade de vida do paciente e proposta de
intervenções terapêuticas condizentes com seus desejos e
valores.
A implantação dos Cuidados Paliativos em urgência e
emergência, pode beneficiar pacientes e equipes assistenciais
com a diminuição de conflitos, melhora na comunicação,
atendimento humanizado e qualidade assistencial paciente(8).
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No contexto hospitalar, tais casos devem envolver a equipe
multiprofissional que atua em um ambiente de cuidados
paliativos. A situação exige uma abordagem sensível e cuidadosa,
especialmente após a avaliação de um quadro clínico grave. A
equipe deve ser designada para realizar o contato com a família,
visando discutir opções de conforto e cuidados durante o processo
de finitude.
No momento do contato, um dos familiares deve ser convidado a
comparecer para uma reunião sobre cuidados paliativos, mas, se
não puder estar presente, outro membro da família deve
comparecer e, muitas vezes esse membro da família vem
visivelmente emocionado, expressando palavras de despedida e
afeto, e demonstrava uma grande fragilidade emocional.
Percebendo a intensidade da situação, a equipe deve intervir,
solicitando uma conversa em um espaço reservado. Durante essa
interação, o objetivo é acolher o familiar e entender seu nível de
compreensão sobre a situação. Ficando claro que ele não detenha
conhecimento do plano terapêutico ou dos cuidados paliativos, o
que leva a equipe a oferecer psicoeducação sobre esses temas,
ressaltando a importância da qualidade de vida diante de uma
doença terminal.
A equipe também deve observar se existe alguma resistência por
parte do familiar em aceitar o protocolo paliativo. O familiar pode
mencionar sua autorização para procedimentos que visavam
aliviar o sofrimento. Além disso, devem ser identificados conflitos
familiares que dificultavam a comunicação e o suporte entre os
envolvidos.
CONCLUSÃO
É possível exprimir que a implantação dos Cuidados Paliativos
aos pacientes internados nos serviços de urgência e emergência,
pode vir a propiciar benefícios mútuos para os pacientes e equipes
assistenciais, como por exemplo, a diminuição de conflito,
melhora na comunicação, atendimento humanizado e melhora na
qualidade de vida do paciente.
Assim sendo, a implementação precoce dos Cuidados
Paliativos, bem como a estruturação da reunião familiar nos
serviços de pronto-socorro/ urgência e emergência, beneficia
pacientes e instituições de saúde, acarretando desde melhorias da
saúde/bem-estar dos pacientes até mesmo, a redução dos custos
hospitalares.
Posto isso, as instituições hospitalares devem buscar
incentivar a integração das equipes de pronto-atendimento para
realização que as reuniões de Cuidados Paliativos com os
familiares ocorram de maneira efetiva, facilitando a articulação do
sistema de referência e contrarreferência e por vezes
possibilitando a minimização do sofrimento do paciente e seus
familiares em Cuidados Paliativos.
Nota-se também a necessidade de educação dos profissionais de
saúde e comunidade acerca do conceito e aplicabilidade dos
Cuidados Paliativos, a fim de desfazer o estigma sobre a prática.
DECLARAÇÕES
Funções de autoria
Contribuição
Conflitos de interesse
Não aplicável
Financiamento
Não aplicável
Aprovação ética
Não aplicável
Agradecimentos
Não aplicável
Preprint
Não aplicável
Uso Inteligência Artificial
Não aplicável
REFERÊNCIAS
1. OMS. Organização Mundial de Saúde. Relatório Mundial de
Violência e Saúde. Genebra: OMS, 2002.
2. Política Nacional da Assistência Social PNAS/2004 e Norma
Operacional Básica da Assistência Social NOB/SUAS -
Brasília, DF: MDS, 2005. BRASIL.
3. Andrade L, organizadora. Ressignificando vida e morte:
narrativas sobre cuidados paliativos. Volume 1. São Paulo:
Alumiar; 2021.
4. Silva RS da, Trindade GSS, Paixão GP do N, Silva MJP da.
Family conference in palliative care: concept analysis. Rev
Bras Enferm [Internet]. 2018 Jan [citado 13 de novembro de
2023];71(1):20613. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0055.
5. Brasil. Portaria GM/MS nº. 4.279, de 30 de dezembro de
2010. Estabelece diretrizes para a organização da Rede de
Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS). Diário Oficial da União 2010; 30 dez. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt42
79_30_12_2010.html.
6. Ribeiro DL, de Carvalho Filho MA. Cuidados paliativos na
emergência: invocando Kairós e repensando os sistemas de
saúde. Cad Saúde Pública [Internet]. 2022 [citado 13 de
novembro de 2023];38(9):e00127922. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/0102-311XPT127922.
7. Santana MAG, Santos TS, Jesus AA, Oliveira AH de, Farre
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paliativos no pronto-socorro: revisão integrativa. CIS
[Internet]. 2 de julho de 2022 [citado 13 de novembro de
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https://www.conjecturas.org/index.php/edicoes/article/view
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8. Lourençato, FM, Pazin A Filho. Implantação de serviço de
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público universitário. Revista Qualidade HC, Ribeirão Preto,
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https://www.hcrp.usp.br/revistaqualidadehc/Pesquisa.aspx.