Rev. Tec. Cient. CEJAM. 2025;4:e202540042
Autoria
Rafaela Batista Souza1
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5012-136X
Kaylla Laurena Barros Silva1
ORCID: https://orcid.org/0009-0000-2409-8119
Juliana Aquino Freitas de Oliveira1
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6510-1406
Celso Vilella Matos1
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8236-6385
Elaine Cristina da Silva1
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7170-0096
Instituição
¹Centro de Medicina e Reabilitação Física Lucy Montoro, Centro
de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (CEJAM), Santos, Brasil.
Autor Correspondente
Elaine Cristina da Silva
e-mail: c.pesquisa.lm@cejam.org.br
Como citar este artigo
Souza RB, Silva KLB, Oliveira JAF, Matos CV, Silva EC. Impacto
do nível de atividade física e velocidade de marcha na mobilidade
funcional de indivíduos com hemiparesia espástica pós AVC. Rev.
Tec. Cient. CEJAM. 2025;4:e202540042. DOI:
https://doi.org/10.59229/2764-9806.RTCC.e202540042.
Submissão Aprovação
26/08/2025 17/11/2025
Artigo Original
Impacto do nível de atividade física e velocidade de
marcha na mobilidade funcional de indivíduos com
hemiparesia espástica pós AVC
Influence of physical activity level and walking speed on
functional mobility of individuals with spastic hemiparesis
after stroke
Resumo
Objetivo: Correlacionar o nível de atividade física com a velocidade
de marcha e ponderar a existência de uma correlação entre o tempo
de permanência sentado com o aumento do risco de quedas em
indivíduos com hemiparesia espástica. Método: Foi realizado um
estudo descritivo e transversal com 25 participantes em um centro
de reabilitação em Santos-SP. Os dados foram coletados através de
testes padronizados TC10m, Timed Up and Go (TUG) e Questionário
Internacional de Atividade Física (IPAQ). Resultados: Os resultados
mostraram que 52% dos participantes eram do gênero feminino, com
idade média de 54,3 anos. Observou-se uma forte correlação positiva
(rho = 0,705) entre o tempo sentado (mediana de 8 horas) e o
desempenho no TUG (mediana de 23,4 segundos), sugerindo que um
maior tempo sedentário está associado a um aumento no risco de
quedas. Além disso, uma correlação moderada negativa (rho = -
0,616) foi encontrada entre o IPAQ (mediana de 3 pontos) e a
velocidade de marcha (mediana de 0,4 m/s). Conclusão: Os achados
destacam a importância de intervenções que promovam a atividade
física, fundamental para a recuperação funcional, independência e
qualidade de vida dos indivíduos pouco ativos e sedentários que
elucidaram prejuízos significativos na velocidade de marcha e risco
de quedas.
Descritores: Acidente Vascular Cerebral; Acidentes por Quedas;
Exercício Físico; Comportamento Sedentário; Limitação da
Mobilidade.
Abstract
Objective: To correlate the level of physical activity with walking
speed and to consider the existence of a correlation between sitting
time and the increased risk of falls in individuals with spastic
hemiparesis. Methods: A descriptive and cross-sectional study was
carried out with 25 participants in a rehabilitation center in Santos-
SP. Data were collected through standardized tests 10mWT, Timed
Up and Go (TUG) and the International Physical Activity
Questionnaire (IPAQ). Results: The results showed that 52% of the
participants were female, with a mean age of 54.3 years. A strong
positive correlation (rho = 0.705) was observed between the time
spent sitting (median of 8 hours) and the performance in the TUG
(median of 23.4 seconds), indicating that a longer sedentary time is
associated with an increased risk of falls. Furthermore, a moderate
negative luminosity (rho = -0.616) was found between the IPAQ
(median of 3 points) and walking speed (median of 0.4 m/s).
Conclusion: The results highlight the importance of interventions
that promote physical activity, fundamental for the functional
recovery, independence and quality of life of inactive and sedentary
individuals who elucidated significant impairments in walking speed
and risk of falls.
Descriptors: Stroke; Accidental Falls; Exercise; Sedentary Behavio;
Mobility Limitation.
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INTRODUÇÃO
A hemiparesia espástica é uma condição neurológica que
frequentemente ocorre após um Acidente Vascular Cerebral
(AVC), resultando em limitações significativas na mobilidade e na
funcionalidade dos indivíduos afetados(1).
A reabilitação física é um componente essencial na
recuperação desses pacientes, visando a melhoria da mobilidade
funcional e a promoção de um estilo de vida ativo. Estudos têm
demonstrado que a mobilidade funcional é um preditor crítico da
qualidade de vida em pacientes com hemiparesia, influenciando
diretamente a capacidade de realizar atividades diárias visando a
melhora da independência(2).
A avaliação da mobilidade funcional pode ser realizada através
de diversos testes físicos, que fornecem dados objetivos sobre a
capacidade motora dos indivíduos. O teste de caminhada de 10
metros (TC10m), e o teste Timed Up and Go (TUG) são
ferramentas valiosas que permitem quantificar a performance
funcional e a agilidade dos pacientes. Além disso, o uso do
Questionário Internacional de atividade física versão curta
(IPAQ) possibilita a análise do nível de atividade física, bem como
a identificação de padrões de sedentarismo(3-4).
A relação entre a mobilidade funcional e o nível de atividade
física é particularmente relevante, pois um estilo de vida ativo
pode contribuir para a redução das limitações funcionais e o
aumento da independência.
Costa et. al. avaliaram a qualidade de vida, o nível de
atividade física e a mobilidade funcional em 32 idosos,
comparando indivíduos institucionalizados com idosos
domiciliados. O estudo utilizou o Short Form (SF) 36 para avaliar
a qualidade de vida, o IPAQ para classificar o nível de atividade
física e o teste TUG para avaliar a mobilidade funcional. Os
achados mostraram que 100 % dos idosos institucionalizados
foram considerados sedentários, enquanto apenas 37,5 % dos
idosos domiciliados apresentaram sinais de sedentarismo. Os
autores concluem que, embora o local de residência
(institucionalizado ou domiciliar) não influencie na qualidade de
vida ou mobilidade funcional, os idosos domiciliados tendem a
manter níveis mais elevados de atividade física, o que pode estar
relacionado a uma melhor capacidade funcional e independência
significativa(5).
A perda de mobilidade, manifestada pelo aumento do risco de
queda e influência na velocidade da marcha pós AVC pode estar
diretamente associada a um ciclo de inatividade. Tal fato favorece
o sedentarismo e a adoção de rotinas mais restritas. Esse fator
contribui para a diminuição da participação social e para a redução
das oportunidades de práticas esportivas, ampliando a
vulnerabilidade desses indivíduos a quedas e a complicações
secundárias, como doenças cardiovasculares, metabólicas e/ou
osteomusculares(2,6-7).
Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo
correlacionar o nível de atividade física com a velocidade de
marcha e ponderar a existência de uma correlação entre o tempo
de permanência sentado com o aumento do risco de quedas em
indivíduos com hemiparesia espástica.
A compreensão dessas relações é fundamental para a
elaboração de intervenções mais eficazes e direcionadas, que
visem melhorar a qualidade de vida e a segurança dos pacientes
na sua jornada de reabilitação(8-9).
MÉTODO
Tipo de Estudo
Estudo prospectivo, descritivo e transversal, seguindo a
diretriz de qualidade metodológica da rede EQUATOR
Strengthening the Reporting of Observational Studies in
Epidemiology (STROBE)(10-11).
Cenário e Amostra
Estudo realizado com amostra não probabilística por
conveniência de 25 participantes de ambos os gêneros com
diagnóstico de AVC acima de seis meses de lesão.
A coleta de dados foi realizada nas dependências de um centro
de reabilitação física no município de Santos (São Paulo-SP).
Critérios de Inclusão e Exclusão
Foi adotado os seguintes critérios de inclusão: (1) idade ≥ 18
anos; (2) ocorrência de AVC com presença de hemiparesia
espástica unilateral pelo menos seis meses; (3) apresentar
mobilidade caracterizada como deambulador mesmo utilizando
aditamentos e/ou equipamentos de tecnologia assistiva.
Como critérios de exclusão, foram adotados: (1) déficits
cognitivos que limitassem a capacidade de compreensão das
tarefas exigidas; (2) participantes com condições de saúde de
caráter neurológico que não fosse AVC; (3) não finalização dos
testes físicos e/ou preenchimento incompleto do questionário
utilizado.
Protocolo de Pesquisa
Os participantes foram submetidos a uma avaliação única, que
incluiu a coleta de dados pessoais e informações
sociodemográficas. Além disso, foram utilizados instrumentos que
abordaram os domínios de atividade e participação conforme a
Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF)(12).
A avaliação da mobilidade funcional foi realizada por meio de
testes padronizados, incluindo o TC10m, que avalia a velocidade
de caminhada expresso em metros por segundos. Os indivíduos
foram instruídos a caminhar uma distância de 14 metros em sua
velocidade habitual, no entanto, o tempo é medido somente do
segundo metro ao décimo segundo metro, descartando os dois
primeiros (período de aceleração) e os dois últimos metros
(período de desaceleração). Sendo assim, para calcular o escore
final a distância percorrida é dividida pelo tempo que o indivíduo
levou para percorrer essa distância com a seguinte classificação:
(<0,4m/s: deambulador domiciliar; 0,4m/s- 0,8m/s:
deambulador comunitário limitado; >0,8m/s: deambulador
comunitário ilimitado)(13-16).
Outro teste utilizado para medir a mobilidade funcional foi o
TUG, cujo teste avalia mobilidade, equilíbrio, capacidade de
caminhar e risco de quedas ao levantar-se de uma cadeira,
deambular três metros, girar 180°, retornar os três metros e
sentar-se novamente da cadeira. Durante a realização desta
atividade o avaliador terá a função de cronometrar o tempo
expresso em segundos para posteriormente classificá-los em:
(<10s: sem risco de queda; 11 a 19s: baixo risco de queda; 20-
29s: moderado risco de queda; >30s: alto risco de queda)(16-20).
Para avaliação do nível de atividade física foi aplicada a IPAQ
versão curta, cujo instrumento em formato de questionário estima
o nível de atividade física do indivíduo avaliado, permitindo
ponderar a frequência das atividades em relação à última semana,
sendo passível de calcular o tempo semanal gasto em atividades
físicas moderadas, intensas e/ou vigorosas em diferentes
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situações, bem como o tempo despendido em atividades passivas
e o tempo gasto por semana na posição sentada. Sua classificação
varia entre indivíduos muito ativos a sedentários, de acordo com
a frequência e duração das atividades. Seu escore varia de 1 a 4
pontos, sendo 1 para atividades rigorosas, 2 para atividades
moderadas, 3 para atividades leves e 4 para sedentarismo,
tornando os indivíduos muito ativos, ativos, irregularmente ativos
e sedentários, respectivamente(4,21-28).
Análise
Os dados referentes aos objetos de estudo quantitativos foram
avaliados previamente a fim de verificar sua normalidade através
do teste correspondente Shapiro-Wilk. Em seguida, as variáveis
estudadas foram correlacionadas em matriz através do teste
correspondente sendo Spearman para dados não paramétricos.
Foi adotado nível de significância de < 0,05 (5%). As análises
foram realizadas no software estatístico JAMOV(29-30).
Aspectos Éticos e de Integridade
Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido, previamente aprovado pelo Comite de Ética e
Pesquisa em Seres Humanos, sob o parecer 6620104 e Certificado
de Apresentação de Apreciação Ética (CAAE)
76708323.0.0000.9107.
RESULTADOS
A análise transversal realizada com 25 participantes revelou
uma distribuição de gênero, com 52% (n=13) do total sendo do
gênero feminino e 48% (n=12) do gênero masculino. A média de
idade dos participantes foi de 54,3 anos (± 15,4), indicando uma
população predominantemente adulta.
Ao examinar a relação entre o tempo de permanência sentado
e o desempenho no teste TUG, observou-se que a mediana do
tempo em que os participantes permaneceram sentados foi de 8
horas (intervalo interquartil: 3-17 horas). Os resultados do TUG
mostraram uma mediana de 23,4 segundos (intervalo
interquartil: 6,67-103 segundos), caracterizando um risco de
quedas moderado. A correlação entre essas duas variáveis foi
avaliada utilizando o coeficiente de correlação de Spearman,
resultando em um rho 0,705 (p < 0,01), indicando uma forte
correlação positiva (Tabela 1 e Figura 1), ou seja, este resultado
ilustra que quanto mais tempo sentados os indivíduos
permaneciam, mais apresentavam velocidade reduzida na
execução do teste, caracterizando-os com maior risco de quedas.
Além disso, foi identificada uma correlação moderada negativa
rho -0,616 (p < 0,01) entre o IPAQ, que apresentou uma mediana
de 3 pontos (intervalo interquartil: 1-4) classificando-os como
irregularmente ativos, e a velocidade de marcha medida pelo
teste de caminhada de 10 metros (TC10m), com uma mediana de
0,4 m/s cujo resultado caracteriza deambuladores comunitários
limitados (intervalo interquartil: 0,06-1,5 m/s) (Tabela 1 e 2)
(Figura 1).
Tabela 1 Apresentação dos resultados em mediana e intervalos
interquartis das variáveis estudadas. Santos, Brasil, 2025.
TUG (segundos)
Temp. Sent.
(horas)
IPAQ
(pontos)
TC10m (m/s)
23,4 [6,67-103]
8 [3-17]
3 [1-4]
0,4 [0,06-1,5]
Legenda: TUG (Timed Up And Go); TC10m (Teste de Caminhada
de 10 metros); Temp. Sent (Tempo de permanência sentado);
IPAQ (Questionário Internacional de Atividade Física).
Tabela 2 Apresentação da matriz de correlação das variáveis
estudadas. Santos, Brasil, 2025.
Matriz de Correlação
TUG
TC10m
IPAQ
TUG
(segundos)
Spearman’s rho
-
-
-
p-valor
TC10m
Spearman’s rho
-0,984
-
-
p-valor
0,001
Temp. Sent
(horas)
Spearman’s rho
0,705
-0,669
-
p-valor
0,001
0,001
IPAQ
Spearman’s rho
0,625
-0,616
-
p-valor
0,001
0,001
Legenda: TUG (Timed Up And Go); TC10m (Teste de Caminhada
de 10 metros); Temp. Sent (Tempo de permanência sentado);
IPAQ (Questionário Internacional de Atividade Física).
Fonte: Dados da pesquisa
A Figura 1 demonstra a representação gráfica da matriz de
correlações em dispersão.
Figura 1 Representação gráfica da matriz de correlações em
dispersão. Santos, Brasil, 2025.
Legenda: TUG (Timed Up And Go); TC10m (Teste de Caminhada
de 10 metros); Temp. Sent (Tempo de permanência sentado);
IPAQ (Questionário Internacional de Atividade Física).
Fonte: Dados da pesquisa
DISCUSSÃO
O objetivo do presente estudo foi correlacionar o nível de
atividade física com a velocidade de marcha e ponderar a
existência de uma correlação entre o tempo de permanência
sentado e o aumento do risco de quedas em indivíduos com
hemiparesia espástica. A hipótese inicial não foi rejeitada pelos
resultados, uma vez que os indivíduos estudados que se
mantinham mais inativos apresentaram prejuízos significativos na
velocidade de marcha e no risco de quedas.
Os resultados revelaram uma correlação significativa entre o
aumento no tempo de permanência sentado com o maior risco de
quedas nos indivíduos estudados. Este achado sugere um
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aumento na classificação de risco de quedas com impactos diretos
na qualidade de vida, além da redução da função física. Tais
aspectos refletem em características do âmbito psicológico com
diminuição da autoconfiança e medo de cair, contribuindo com o
aumento na incidência de lesões por quedas(31-33).
Paradoxalmente, vale destacar a importância de intervenções
que promovam a mobilidade, estando em consonância com a
literatura atual(31-32), que aponta que longos períodos de
inatividade podem aumentar os prejuízos na agilidade e execução
de tarefas básicas diárias em idosos, um problema crítico que
também ocorre no processo de reabilitação de pacientes pós-AVC.
Indivíduos com sequelas motoras decorrentes de AVC tendem
a permanecer mais restritos e em posição sentada por períodos
prolongados ao longo do dia. English et al(34) ao comparar essa
população com indivíduos saudáveis pareados por sexo e idade,
observaram maior prevalência de comorbidades, menor
engajamento em atividades diárias e percepção reduzida de
produtividade entre aqueles que mantinham postura sedentária.
Métodos semelhantes foram descritos em Souza et al(35) e em
nosso estudo, o qual, embora não tenha incluído grupo controle,
também identificou que o comportamento sedentário está
intrinsecamente relacionado a baixa tolerância ao esforço físico.
A análise também revelou uma correlação negativa entre o
nível de atividade física, medido pelo IPAQ, e a velocidade de
marcha. Este resultado indica que participantes com níveis mais
elevados de sedentarismo estão associados a uma menor
velocidade de marcha, reforçando a necessidade de estratégias
para aumentar a atividade física em indivíduos com hemiparesia
espástica. Este resultado impõe a perspectiva de que indivíduos
mais sedentários tendem a ter uma marcha mais lenta, o que
pode comprometer sua independência nas atividades diárias.
Scrivener et al(36) corroboram essa relação, demonstrando que a
atividade física regular não apenas melhora a velocidade de
marcha, mas é um fator crucial para a recuperação funcional em
pacientes que sofreram um AVC.
Os resultados do presente estudo apoiam as evidências
apresentadas por Park et al(37), que demonstraram que o
comprometimento motor dos membros inferiores em indivíduos
pós AVC impõe limitações significativas à execução de atividades
funcionais básicas, como levantar-se de uma cadeira e
deambular. No atual contexto, a avaliação por meio do teste
Timed Up and Go (TUG) impõe esta atividade de levantar-se de
uma cadeira e deambular, refletindo prejuízos com interferência
direta do déficit motor sobre o desempenho funcional.
A literatura destaca que tais restrições estão embasadas no
contexto da diminuição da força muscular de membros inferiores,
deficiência a qual compromete a capacidade de realizar atividades
de forma independente(37). De maneira convergente, nossos
achados reforçam que a diminuição da independência funcional
está associada não apenas à perda de mobilidade, mas também
a fatores secundários, como a redução da autonomia gerando
impactos no contexto social. Esses achados sustentam a
importância de programas de reabilitação física baseados em
intervenções voltadas à recuperação motora e ao fortalecimento
da autonomia e da autopercepção de competência funcional.
Por fim, a literatura enfatiza intervenções direcionadas que
integram a promoção da mobilidade e da atividade física como
essenciais para a recuperação funcional. Rimaud et al(38)
elucidaram o impacto que o gasto energético diário em pessoas
com sequelas motoras provenientes do AVC e seus impactos na
qualidade de vida, reforçando a necessidade de condutas que
insiram facilitadores em suas rotinas. Os autores testaram uma
hipótese utilizando diferentes órteses de tornozelo e para
diminuir o gasto energético diário, visando maximizar a
independência e, consequentemente, melhorar a qualidade de
vida de pessoas com deficiências físicas.
Uma alternativa que atribui essa evidência voltada a
funcionalidade é o uso da CIF como ferramenta de classificação
para ponderar possíveis deficiências e capacidades da população
estudada. A fim de estabelecer objetivos direcionados e centrados
nos aspectos biopsicossociais como Silva et al(12) fizeram em seu
estudo obtendo resultados relevantes na implantação de um
checklist em seu serviço, cujo resultado contribuiu para uma
melhor estruturação dos processos terapêuticos e na melhoria de
seus acompanhamentos, garantindo a importância do tratamento
centrado no paciente.
Portanto, uma vez que nossos instrumentos de avaliação são
pautados no modelo biopsicossocial, podemos acompanhar o
impacto e benefícios dos níveis de atividade física relacionados ao
nível de independência funcional, classificando assim, o nível de
funcionalidade. Assim, este estudo não apenas corrobora achados
anteriores, mas também ressalta a importância de intervenções
holísticas de caráter amplo com uma visão biopsicossocial, a fim
de promover funcionalidade e independência.
Embora os achados deste estudo apresentam relevância
clínica suficiente para contribuir com a hipótese inicial de
correlação entre nível de atividade física, velocidade de marcha e
risco de quedas em indivíduos com hemiparesia espástica,
algumas limitações metodológicas a serem consideradas. Por se
tratar de um estudo observacional, não houve comparação
intergrupos e o tamanho amostral foi reduzido. Isto restringe a
generalização dos resultados e compromete parcialmente a
validade externa do presente estudo. Portanto, recomenda-se que
futuras pesquisas sejam conduzidas com amostras mais amplas,
heterogêneas e com diferentes populações. Tais avanços são
fundamentais para consolidar evidências científicas que orientem
condutas mais assertivas com maior potencial de impacto clínico.
Limitações do Estudo
O questionário internacional de atividade física (IPAQ) não é
validado para a população com prejuízos na mobilidade devido ao
AVC, o levando em consideração as deficiências de funções e
estruturas corporais como presença de espasticidade, diminuição
de força muscular e alterações perceptuais.
No presente estudo não houve comparação entre grupos
controle e experimental a fim de estabelecer dados de referência
para determinar os resultados observados.
Sugere-se viés avaliativo por se tratar de um estudo
transversal e correlação, onde não é possível estabelecer medidas
de causa e efeito, visto que estudos com corte único tem como
principal objetivo descrever a prevalência de uma condição em
uma população específica e em um determinado momento.
Contribuições para a Ciência
Podemos estabelecer contribuições positivas potenciais que
abrangem duas áreas distintas, os pesquisadores e a comunidade
participante: Relatar para a comunidade cientifica a evolução e
curso da influência da pratica de atividades físicas em indivíduos
com lesões neurológicas; Resolução de problemas baseado na
assistência à saúde; Contribuição técnico-cientifica aos
pesquisadores; Influenciar os participantes à pratica de atividades
físicas e; Orientar os participantes quanto a gravidade do risco de
quedas e seus potenciais funcionais com embasamento em suas
próprias classificações de mobilidade.
Impacto do nível de atividade física e velocidade de marcha na mobilidade funcional...
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Rev. Tec. Cient. CEJAM. 2025;4:e202540042
CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos neste estudo, conclui-se que
houve uma forte correlação entre as variáveis estudadas,
destacando comprometimento na mobilidade funcional com
prejuízos significativos na redução na velocidade de marcha de
indivíduos que foram caracterizados como pouco ativos e
sedentários.
Esses achados sublinham e sustentam a relevância de
estratégias que promovam a atividade física não apenas no
âmbito da reabilitação física, mas também destacam sua
importância na qualidade de vida e bem-estar biopsicossocial.
CONTRIBUIÇÃO DO AUTORES
Transparência na contribuição segundo a Taxonomia CRediT:
Funções de autoria
Contribuição
Conceitualização
Rafaela Batista Souza; Kaylla Laurena Barros;
Juliana Aquino Freitas de Oliveira; Elaine Cristina da
Silva; Celso Vilella Matos
Curadoria de dados
Rafaela Batista Souza; Elaine Cristina da Silva
Análise formal
Rafaela Batista Souza
Aquisição de financiamento
Não aplicável
Investigação
Rafaela Batista Souza; Kaylla Laurena Barros;
Juliana Aquino Freitas de Oliveira
Metodologia
Rafaela Batista Souza; Kaylla Laurena Barros;
Juliana Aquino Freitas de Oliveira; Elaine Cristina da
Silva; Celso Vilella Matos
Administração do projeto
Elaine Cristina da Silva; Celso Vilella Matos
Recursos
Elaine Cristina da Silva; Celso Vilella Matos
Software
Não aplicável
Supervisão
Elaine Cristina da Silva; Celso Vilella Matos
Validação
Rafaela Batista Souza; Elaine Cristina da Silva;
Celso Vilella Matos
Visualização
Rafaela Batista Souza; Elaine Cristina da Silva;
Kaylla Laurena Barros; Juliana Aquino Freitas de
Oliveira; Celso Vilella Matos
Escrita - esboço original
Rafaela Batista Souza; Kaylla Laurena Barros;
Juliana Aquino Freitas de Oliveira; Elaine Cristina da
Silva; Celso Vilella Matos.
Escrita - revisão e edição
Rafaela Batista Souza; Elaine Cristina da Silva; Celso
Vilella Matos
DECLARAÇÕES
Funções de autoria
Contribuição
Conflitos de interesse
Não aplicável
Financiamento
Não aplicável
Aprovação ética
Não aplicável
Agradecimentos
Não aplicável
Preprint
Não aplicável
Uso Inteligência Artificial
Não aplicável
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