Rev. Tec. Cient. CEJAM. 2025;4:e202540037
Autoria
Luciano Rodrigues de Oliveira
1
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0003
-
2963
-
7075
Luiza Watanabe Dal Ben
1
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0001
-
7847
-
5602
Isabel Cristina Kowal Olm Cunha
1
ORCID:
https://orcid.org/0000
-
0001
-
6374
-
5665
Instituição
¹Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de
Enfermagem, São Paulo, Brasil.
Autor Correspondente
Luciano Rodrigues de Oliveira
e
-
mail:
<luciano.oliveira@unifesp.br>
Como citar este artigo
Oliveira LR, Dal Ben LW, Cunha ICKO.
Desospitalização nas
Instituições Hospitalares
:
Revisão Integrativa
. Rev. Tec. Cient.
CEJAM. 2025;4:e202540037. DOI:
https://doi.org/10.59229/2764
-
9806.RTCC.e202540037
.
Submissão Aprovação
02/05/2025 19/0
6
/2025
Artigo de Revisão
Desospitalização nas Instituições Hospitalares:
Revisão Integrativa
Dehospitalization Services in Hospital Institutions:
Integrative Review
Resumo
Objetivo:
Reunir e sintetizar o conhecimento produzido, através dos
resultados de estudos anteriores sobre serviços de desospitalização
nas instituições hospitalares.
Método:
Revisão Integrativa utilizando
o método do JBI com 6 fases distintas: identificação do tema, seleção
da hipótese/questão de pesquisa; critérios para inclusão/exclusão de
estudos; definição e categorização das informações; análise dos
estudos incluídos; in
terpretação dos resultados e comparações com
outros estudos, relato da revisão e síntese do
conhecimento. Recorte
temporal de 2014
-
2023, bases de dados: BVS, SciELO, JBI, Pubmed,
Scopus, Embase, IBICT, Redalyc.
Resultados
: Do total de 152
artigos foram selecionados 57 para análise na íntegra e 20 elegíveis,
por dois revisores. Ao final 9 artigos foram selecionados, estes
descrevem atividades ou propõem intervenções a serem realizadas
por enfermeiros e/ou equipe multidiscip
linar, bem como medem a
efetividade das ações para a transição do cuidado da pessoa
internada para o domicílio.
Conclusão:
Há n
ecessidade de se fazer
uma melhor gestão de leitos nos hospitais e implantar, de forma
sistematizada, os cuidados de transição/desospitalização, que
contribuirá para melhorar a realidade dos serviços de saúde,
qualidade de vida dos pacientes e seus familia
res, bem como os
indicadores de qualidade e sustentabilidade do sistema de saúde
tanto público quanto privado.
Descritores:
Enfermagem; Cuidado de Transição; Alta do Paciente;
Tempo de Internação; Estrutura Organizacional.
Abstract
Objective:
To gather and synthesise the knowledge produced
through the results of previous studies on dehospitalisation services
in hospital institutions.
Method:
Integrative Review using the JBI
method with 6 distinct phases: identification of the topic, selection of
the hypothesis/research question; criteria for inclusion/exclusion of
studies; definition and categorisation of information; analysis of
included stud
ies; interpretation of results and comparisons with other
studies, report of the review and synthesis of
knowledge. Time frame
2014
-
2023, databases: VHL, SciELO, JBI, Pubmed, Scopus, Embase,
IBICT, Redalyc.
Results:
Of the total of 152 articles, 57 were
selected for full analysis and 20 were eligible, by two reviewers. In
the end, 9 articles were selected, which describe activities or propose
interventions to be carried out by nurses and/or multidisciplinary
teams, a
s well as measuring the effectiveness of actions for the
transition from inpatient to home care.
Conclusion:
There is a need
for better bed manag
ement in hospitals and the systematic
implementation of transition/hospitalisation care, which will
contribute to improving the reality of health services, the quality of
life of patients and their families, as well as the quality and
sustainability indica
tors of both the public and private health
systems.
Descriptors:
Nursing; Transition Care; Patient Discharge; Length of
Stay; Health Services Administration.
Desospitalização nas Instituições Hospitalares: Revisão Integrativa
2
Rev. Tec. Cient. CEJAM. 2025;4:e202540037
INTRODUÇÃO
As mudanças de perfis epidemiológicos, especialmente com
aumento expressivo da população idosa, somadas à crescente
demanda por economia de recursos exigem que o cenário de
saúde seja constantemente adaptado para garantir um
atendimento de qualidade e, aci
ma de tudo, seguro para todos os
cidadãos. Essas mudanças dos perfis são movidas especialmente
pela diminuição da taxa de natalidade e aumento da longevidade.
A partir deste crescimento populacional, consequentemente se
tem o aumento das doenças crônicas e
degenerativas, associado
a pressão por redução de custos nos hospitais pelas fontes
pagadoras, sejam eles privados ou públicos
(1
)
.
Há o aumento dos serviços de longo prazo personalizados,
mais adequados e menos custosos, porém essas demandas de
saúde tendem a se tornar mais complexas
(1)
. Esse cenário de
rápida ascensão faz com que o mercado de saúde no mundo viva
uma intensa transformação, com desafios e oportunidades, bem
como a constante vertente de se colocar em xeque os modelos de
negócios tradicionais do setor
(2)
.
As instituições hospitalares de todas as nações, estão
buscando melhora em todos os cenários, sendo a eficiência e
eficácia determinantes que surgiram para reduzir e analisar os
gastos sem prejuízo da melhora dos cuidados em saúde dos
pacientes
(3)
.
Levando em conta a média de internação como
variável
,
bem como os diagnósticos acumulados com a
longevidade, gerentes utilizam ferramentas para previsões
adequadas e informações atualizadas sobre internações de
pacientes e altas
(3)
.
Outro fator que vem chamando atenção é que
o número de leitos hospitalares disponíveis para a população está
diminuindo no mundo todo frente a estas demandas, necessitando
assim de atenção especial para que os existentes tenham
melhores resultados, com me
nos custos
(3)
.
No Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, as estratégias
estão voltadas para a prevenção de doenças e seus agravos à
saúde, através das ações da Atenção Primária à Saúde,
organizada a partir das necessidades da população. Esse
atendimento é composto por u
ma equipe multiprofissional, que
atua desde o cuidado direto, regulação de acessos e gestão dos
processos, voltados nas vertentes de se ter a qualidade da
assistência prestada e segurança do paciente, tendo como base
os princípios de universalização, equid
ade e integralidade
(3)
.
O sistema público de saúde brasileiro é integrado aos demais
pontos da Rede de Atenção à Saúde com outras políticas
intersetoriais. Nele, há a Política Nacional de Atenção Hospitalar
(4)
.
Esta define e recomenda a criação do Núcleo Interno de Regulação
(NIR) nos hospitais, como uma unidade técnico
-
administrativa
que realiza o monitoramento do paciente, compondo um papel
fundamental que o acompanha desde o seu ingresso no hospital,
a movime
ntação interna e externa até a alta hospitalar. Este
núcleo faz a inte
rface com as Centrais de Regulação traçando o
perfil de complexidade da assistência no âmbito do SUS e
articulando entre os níveis de atenção primária a terciária, a fim
de auxiliar na estratégia e disponibilizar consultas ambulatoriais,
serviço de apoio d
iagnósticos e terapêuticos, além dos leitos de
internação, instituídos pelo NIR
(3)
.
Conforme a avaliação do Ministério da Saúde, as estruturas
hospitalares apresentam sua capacidade suplantada em razão do
alto tempo médio de permanência dos pacientes em enfermarias,
que resulta em um excedente de pacientes nos serviços de
emergência, ocas
ionando má acomodação ou situações de
improviso e precariedade
(5)
.
Essas estruturas hospitalares devem
priorizar melhores resultados destes indicadores de internação, a
partir da média de permanência. Um fluxo de leitos eficiente,
entre outros benefícios, reduz o tempo de espera para liberação
do leito.
A decisão de alta deve ser predominantemente uma decisão
clínica, no entanto existem outros fatores não
-
clínicos que
prorrogam a utilização do leito, como questões sociais de famílias
que não tem estrutura domiciliar para comportar o seu ente nas
fases mai
s tardias das comorbilidades
(4)
.
Essas demandas não
-
clínicas, impossibilitam a saída do paciente que permanece
internado, prolongando a internação hospitalar. Pacientes que
recebem alta médica, mas permanecem internados, têm se
tornado um problema em hospi
tais de todo o mundo, gerando a
desospitalização tardia
(6)
.
Com o aumento das necessidades de
internações como um todo e diminuição dos leitos, são
necessárias novas soluções para combater a falta de leitos para
atendimento de pacientes
(4)
.
Uma alternativa viável tem sido os
cuidados de transição, que atendem os pacientes após a
internação hospitalar, em hospitais chamados de transição, antes
da ida ao domicílio. A transição do cuidado é uma estratégia que
pode melhorar a realidade dos servi
ços de saúde e dos seus
indicadores de qualidade
(6)
.
Este problema global de fluxo de leitos hospitalares não
adequado, afeta diretamente a taxa de altas hospitalares. Entre
os fatores que contribuem para um dos maiores problemas do
SUS, estão as mudanças no perfil demográfico e epidemiológico
da população,
a recusa de desospitalização por parte das famílias,
bem como dificuldades no relacionamento com as fontes
pagadoras, como as negativas e demora no processo de
liberações de convênios para instituições de longa permanência
(4)
.
Existem dificuldades de se te
r informações sobre como está a
desospitalização nas instituições de saúde, seja na atenção
primária ou nos demais níveis. Com isso, reunir e sintetizar o
conhecimento produzido, através dos resultados de estudos
anteriores sobre serviços de desospitalizaç
ão nas instituições
hospitalares é relevante, pois estas informações são valiosas para
as ações dos gestores que podem ter subsídios para criação de
instrumentos que favoreçam a otimização da alta do paciente.
Nestas instituições as ações dos gestores são essenciais para
que os Serviços de Desospitalização ou Serviços de Apoio a
Transição de Cuidados sejam instrumentos que favoreçam a
otimização da alta do paciente, principalmente, nos casos em que
há barreiras
para a alta hospitalar ou transferência para Serviços
Pós
-
Agudos, pois na maioria das vezes estas barreiras estão
relacionadas a questões sociais.
Assim, este estudo teve como objetivo reunir e sintetizar o
conhecimento produzido, através dos resultados de estudos
anteriores sobre serviços de desospitalização nas instituições
hospitalares.
MÉTODO
Tipo de Estudo
Revisão Integrativa de Literatura, focada em reunir e sintetizar
resultados de pesquisas sobre o tema delimitado ou uma
problemática específica, além de estudos com diferentes
desenhos metodológicos (qualitativos e quantitativos), seguindo
uma ordem sistem
ática
.
Amostra
Artigos científicos recuperados nas bases de dados, de acordo
com os descritores definidos na estratégia PICO
.
Desospitalização nas Instituições Hospitalares: Revisão Integrativa
3
Rev. Tec. Cient. CEJAM. 2025;4:e202540037
Critérios de Inclusão
Estudos com abordagens quantitativas, qualitativas, quanti
-
qualitativos, estudos observacionais, validação, artigos de
revisão, revisão sistemática e meta
-
análise sobre fluxo de leitos,
alta hospitalar, serviços de desospitalização e transição de
cuidados
de pacientes com doenças crônicas e degenerativas nas
instituições hospitalares, publicados em português, inglês ou
espanhol, com os resumos disponíveis nas bases de dados
selecionadas, publicados em periódicos nacionais e internacionais
e disponíveis na í
ntegra, publicados entre 2014 e 2023
.
Critérios de Exclusão
Estudos de casos, editoriais, cartas ao editor, conferências,
relatórios e resenhas. Artigos que não abordam o tema proposto
sobre fluxo de leitos, alta hospitalar, serviços de desospitalização
e transição de cuidados de pacientes com doenças crônicas e
de
generativas nas instituições hospitalares
.
Local
Serviços de Saúde do Município de São Paulo, SP, Brasil
.
Coleta de Dados
Para a revisão integrativa foi utilizado o método do
Joanna
Briggs Institute
(JBI), que tem como base o modelo de saúde
fundamentado na Prática Baseada em Evidências (PBE). Este
método não se preocupa exclusivamente com a eficácia, mas sim,
na prática baseando
-
se nas melhores informações disponíveis
para análise e adaptação das o
rigens dos problemas de saúde com
aplicação em diversos tipos de metodologias de pesquisa para
gerar evidências relativas para o assunto
(7)
.
Com recorte temporal
de 2014 a 2023
.
Utilizou
-
se as 6 fases distintas da revisão integrativa proposta
pelo JBI: 1) identificação do tema e seleção da hipótese ou
questão de pesquisa; 2) estabelecimento de critérios para
inclusão e exclusão de estudos; 3) definição e categorização das
informaç
ões a serem extraídas dos estudos encontrados; 4)
análise dos estudos incluídos, 5) interpretação dos resultados e
comparações com outras pesquisas, 6) relato da revisão e síntese
do conhecimento evidenciado nas pesquisas (Figura 1).
Figura 1
–
Etapas da revisão integrativa
, São Paulo, Brasil, 2023.
Fonte:
Botelho et al. 2011. p.129
(
8
)
.
A partir da estratégia PICO
-
Paciente, Intervenção,
Comparação e “Outcomes” (desfecho), que para este estudo foi P
= instituições hospitalares, I = serviços de desospitalização, C =
não se aplica e O = resultados encontrados, a questão de pesquisa
determi
nada foi: “Qual
é a
literatura disponível sobre serviços de
desospitalização nas instituições hospitalares”.
A revisão bibliográfica foi realizada nas seguintes bases de
dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS),
Scientific Electronic
Library Online
(SciELO),
Joanna Briggs Database
do
Joanna Briggs
Institute
(JBI), Pubmed (
National Library of Medicine
),
Embase e
Scopus (Elsevier), Banco de Teses Nacional (IBICT), Redalyc
(
Universidad Autónoma del Estado de México
).
Foram utilizados os descritores: enfermagem (nursing), alta
do paciente (patient discharge), assistência domiciliar (home
nursing), tempo de internação (length of stay), cuidado de
transição (transitional care), cuidado domiciliar (home care
services), alt
a do paciente (patient discharge) e estrutura
organizacional (Health Infrastructure), selecionados nos
Descritores em Ciência da Saúde (DeCS) da BVS e MeSH Database
(Pubmed) com uso
dos
Operadores Booleanos AND e OR.
Procedimento de
Coleta de Dados
Na primeira etapa, a fim de extrair os dados dos artigos
incluídos na amostra, foi desenvolvido um instrumento que
continha informação sobre autores, títulos, periódicos, ano de
publicação, objetivos, métodos e base de dados na qual foi
extraído. Desenvolv
eu
-
se também um instrumento para análise
dos resultados, contemplando o delineamento e síntese dos
resultados
.
Procedimento de
Análise de Dados
Para análise dos dados, os artigos foram agrupados por
similaridade de acordo com a sua base de dados de origem,
submetidas ao gerenciador de referências Endnote
(
9
)
com as
duplicatas removidas. Os resultados seguiram com revisão por
pares, inicialmente, analisados por títulos e resumos por dois
revisores cegados para avaliação em relação aos critérios de
inclusão para a revisão, seguindo por análise na íntegra e
post
eriormente feito comparativo dos resultados, nos itens que
surgiram conflitos, houve discuss
ões na busca de um consenso
através de argumentos e contra
-
argumentos até ter o resultado
final.
Utilizou
-
se o fluxograma recomendado a partir do método
PRISMA (Principais Itens para Relatar Revisões
S
istemáticas e
Meta
-
análises), composto por quatro itens que vão desde
identificação ao resultado final de inclusão com os seus
respectivos motivos de exclusão em cada fase do método, bem
como a sua quantificação de artigos, ilustrando a forma de
condução d
e cada etapa da revisão integrativa (Figura 2)
(
10
)
.
Fez
-
se a extração da identificação dos componentes de
transição do cuidado, limitações dos estudos, conclusões. E a
análise e síntese do conhecimento gerado
.
Aspectos Éticos e de Integridade
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) sob
n
úmero
6.946.222
.
Desospitalização nas Instituições Hospitalares: Revisão Integrativa
4
Rev. Tec. Cient. CEJAM. 2025;4:e202540037
RESULTADOS
Do total de 152 artigos, encontrados nas bases de dados
escolhidas para este estudo, foram excluídos 42 artigos após a
leitura do título por não atenderem a questão de pesquisa e 53
artigos por não corresponderem aos critérios de inclusão. Foram
selecionad
os 57 artigos, sendo: BVS (18), SciELO (3), JBI (1),
Pubmed (14), Scopus (7), Emb
a
se (5), IBICT (9), Redalyc (0).
Utilizamos o gerenciador de referências Endnote
®
para exclusão
de duplicatas, chegando à exclusão de 4 publicações repetidas.
Após a revisão inicial, com a leitura dos resumos dos 53
artigos, 20 artigos foram elegíveis para análise na íntegra. Após
o cruzamento dos resultados e resolução das discrepâncias por
meio de consenso entre os dois revisores, foram excluídos 11
artigos po
r não responderem à pergunta de pesquisa.
Ao final das etapas de análise, segundo a estratégia JBI,
chegamos ao resultado de 9 artigos elegíveis para extração de
dados, conforme ilustrado no fluxograma (Figura 2), com a
descrição de cada etapa seguida, bem como as exclusões e os
seus respectivos m
otivos. Dos estudos selecionados, a maior
parte dos artigos foram de revisões e questionários
.
Figura 2
-
Fluxograma da seleção de referências nas bases de
dados, adaptado com base no
Preferred reporting. Items for
Systematic Review and Meta
-
Analysis
(PRISMA)
(10)
, São Paulo,
Brasil, 2023.
A figura 3 apresenta os resultados relativos ao desenho
metodológico dos
nove (
9
)
estudos selecionados.
Figura 3
-
Distribuição dos Estudos Pesquisados Segundo
Desenho Metodológico. São Paulo, Brasil, 2023.
Fonte:
D
ados da pesquisa
.
Em relação ao ano de publicação, houve em sua grande
maioria a média
de 11% de
publicaç
ões
ao ano, estabelecendo
esse valor linearmente de 2014 a 2020, sobre a temática
aproximada desta pesquisa, com aumento abrupto de 3 artigos
em 2022 e 2023 (Figura 4).
Figura 4
-
Distribuição dos Estudos Pesquisados Segundo Ano de
Publicação. São Paulo, Brasil, 2023.
Fonte:
D
ados da pesquisa
.
A Figura
5 apresenta da distribuição dos estudos segundo o
país de origem.
Figura 5
-
Distribuição dos Estudos Pesquisados Segundo País de
São Paulo, Brasil, 2023.
Fonte:
D
ados da pesquisa
.
A amostra dos artigos selecionados descreve atividades ou
propõem intervenções a serem realizadas por enfermeiros e/ou
equipe multidisciplinar, bem como medem a efetividade das ações
para a transição do cuidado da pessoa internada para o domicílio.
A extra
ção e organização se deu a partir de uma análise superficial
dos artigos com suas respectivas informações sobre autores,
títulos, periódicos, ano de publicação, objetivos, métodos e base
de dado
s
na qual foi extraído (Tabela 1).
A
Tabela 2 traz os
componen
tes de transição do cuidado, limitações dos estudos,
conclusões.
Desospitalização nas Instituições Hospitalares: Revisão Integrativa
5
Rev. Tec. Cient. CEJAM. 2025;4:e202540037
Tabela 1
–
Distribuição dos artigos selecionados para a revisão integrativa segundo autores, títulos, periódicos, ano de publicação,
objetivos, métodos. São Paulo, Brasil, 2023.
Base
Autores
Nível
d
e
Evidência
Títulos
Pais, Idioma
Periódicos
Objetivos
Métodos
BVS
Ahsberg.
(11)
1B
Discharge from
hospital
–
a national
survey of transition to
out
-
patient care
Suíça, inglês
Scand J
Caring Sci.
2019
Identificar desafios e
oportunidades na
transição de pacientes
entre hospitais e
atendimento
ambulatorial.
Estudo coorte
retrospectivo,
entrevistas com
autoridades de
assistência pública
nacional e uma
revisão sistemática
da literatura.
SciELO
Zanetoni
et
al.
(12)
5
Operacionalização e
tempo dedicado pelo
enfermeiro na alta
hospitalar responsável
Brasil,
português
Acta Paul
Enferm.
2023
Investigar como
enfermeiros de diferentes
cenários de pratica
operacionalizam a alta
hospitalar
responsável, e quanto
tempo eles se dedicam a
este processo
Web Survey
realizada com 71
enfermeiros de 29
hospitais do Estado
de São Paulo, entre
fevereiro
e setembro de 2021.
Pubmed
Allen
et al.
(13)
1A
Quality care
outcomes following
transitional care
interventions for
older people from
hospital to home: a
systematic review
Australia,
inglês
BMC Health
Serv Res.
2014
(1) Localizar e sintetizar
pesquisas usando
desenhos de ensaios
clínicos randomizados
sobre a qualidade dos
resultados após
intervenções de cuidados
de transição em
comparação com a alta
hospitalar padrão para
idosos com doenças
crônicas.
(2) Fazer
recomendações para
pesquisa e prática.
Esta revisão
sistemática
Colaboração
Cochrane que
sintetizou estudos
publicados, usando
desenhos de ensaios
clínicos
randomizados, para
investigar os efeitos
das intervenções de
cuidados de
transição para
pessoas com 60
anos ou mais nos
resultados dos
cuid
ados de saúde.
Hodgins
et
al.
(14)
1A
The Metrics of
Acute Care Reentry
and Emergency
Department Visits
by Recently
Discharged
Inpatients
Canada
-
inglês
Adv Emerg
Nurs J. 2020
Este estudo foi realizado
para examinar três
métricas de tempo para
monitorar o uso do
departamento de
emergência por pacientes
recentemente liberados
do hospital e questões a
serem consideradas ao
selecionar uma métrica
para monitorar tal
uso.
Análises
descritivas
-
correlacionais foram
conduzidas para
examinar as taxas
de reingresso e a
capacidade de
prever
apresentações no
departamento de
emergência usando
dados demográficos
(idade e sexo) e
perfil clínico
(duração da
internação
hospitalar e dia
da
apresentação).
Embase
Skovgaard
et al.
(15)
2C
Discharge readiness
as an infrastructure:
Negotiating the
transfer of care for
elderly patients in
medical wards
Dinamarca,
inglês
Soc Sci
Med. 2022
Neste artigo qualitativo,
usamos métodos
etnográficos para
investigar como essa
aparente contradição se
desenrola em situações
cotidianas de alta por
meio do trabalho de
estabelecer prontidão
para alta em três
enfermarias médicas em
um hospital dinamarquês
de médio porte.
Neste artigo
qualitativo, usamos
métodos
etnográficos
Desospitalização nas Instituições Hospitalares: Revisão Integrativa
6
Rev. Tec. Cient. CEJAM. 2025;4:e202540037
Scopus
Leland
et
al.
(16)
D5
Group Concept
Mapping
Conceptualizes
High
-
Quality Care
for Long
-
Stay
Pediatric Intensive
Care Unit Patients
and Families
Estados
Unidos, inglês
J Pediatr.
2023
Descrever e conceituar
cuidados de alta
qualidade para pacientes
de unidade de terapia
intensiva pediátrica de
longa permanência
(UTIP) usando
mapeamento de conceito
de grupo (GCM)
Convocamos um
painel de
especialistas para
elucidar domínios
de cuidados de alta
qualidade para essa
crescente população
de pacientes para os
quais os modelos de
cuidados
transitórios não
atendem às suas
necessidades.
Kuluski
et
al.
(17)
D5
Expanding our
understanding of
factors impacting
delayed hospital
discharge: Insights
from patients,
caregivers,
providers and
organizational
leaders in Ontario,
Canada
Canada, inglês
Health
Policy. 2022
O objetivo deste artigo
foi entender a natureza da
alta hospitalar tardia
através da lente de uma
estrutura política (ideias,
instituições e interesses;
estrutura 3
-
I).
Entrevistas
individuais em
profundidade foram
conduzidas com 57
participantes,
incluindo 18
pacientes, 18
cuidadores, 11
provedores e 10
líderes
organizacionais em
duas redes
hospitalares em
regiões urbanas e
rurais de Ontário,
Canadá.
IBICT
Arrais
(18)
D5
Transição do
cuidado na alta
hospitalar para o
domicílio de
Pacientes
recuperados de
covid19 no contexto
amazônico
Brasil,
português
Dissertação
(mestrado)
-
Universidade
Federal do
Pará. 2022
Avaliar a transição do
cuidado de pacientes de
COVID19 que tiveram
alta do serviço hospitalar
para o domicílio
Trata
-
se de um
estudo com
abordagem
quantitativa, do tipo
transversal,
descritivo e
analítica realizado
com 49 pacientes
e/ou cuidadores que
tiveram alta
hospitalar do
Hospital
Universitário João
de Barros de
Barreto, de
BelémPA
Wachholz
(19)
D5
Avaliação da
qualidade da
transição do
cuidado de
pacientes com
Covid
-
19 na alta
hospitalar
Brasil,
português
Dissertação
(mestrado)
-
Universidade
Federal de
Santa
Catarina.
2023
Avaliar, na perspectiva de
pacientes e cuidadores, a
qualidade da transição do
cuidado de pacientes com
Covid
-
19 na alta em
hospitais universitários
brasileiros.
Trata
-
se de um
estudo de revisão, o
estudo trata da
avaliação da
qualidade da
transição do
cuidado a pacientes
com Covid
-
19 na
alta em Hospitais
Universitários
brasileiros.
Desospitalização nas Instituições Hospitalares: Revisão Integrativa
7
Rev. Tec. Cient. CEJAM. 2025;4:e202540037
Tabela 2
–
Distribuição dos artigos selecionados para a revisão integrativa segundo delineamento e síntese dos resultados. São Paulo,
Brasil, 2023
.
N
Componentes de
transição do cuidado
Limitações dos estudos
Conclusões
Artigo 1
Transição de
pacientes entre
hospitais e
atendimento
ambulatorial
Primeiro, a revisão sistemática da literatura foi feita apenas por
uma pessoa e sem nenhuma análise de viés. Assim, a força da
evidência nos estudos referidos é desconhecida. Segundo, mesmo
que os respondentes do questionário representassem todos os 21
mun
icípios e conselhos distritais, apenas 36 pessoas participaram.
Além disso, apenas 25 informantes participaram das entrevistas.
Assim, essas pequenas amostras limitam as possibilidades de
generalizar os resultados dos problemas relatados.
Como muitos pacientes frágeis são
readmitidos no hospital dentro de 30 dias
após a alta, o atendimento ambulatorial
sueco pode precisar de novos métodos de
trabalho para promover um atendimento
coerente. Além disso, intervenções
multicomponentes na alta, i
ncluindo
acompanhamento após a alta, podem evitar
readmissões não intencionais.
Artigo 2
Prática
operacionalizam a
alta hospitalar
responsável, e quanto
tempo eles se
dedicam a este
processo.
Não há limitações mencionadas pelo autor.
A não implementação de forma sistemática
de várias atividades e o tempo significativo
demandado no processo podem nortear os
gestores na revisão de protocolos relativos a
alta responsável e no gerenciamento das
práticas para o aprimoramento do processo
Artigo 3
Intervenções de
cuidados de transição
em comparação com a
alta hospitalar padrão
para idosos com
doenças crônicas
Em todos os estudos, a intervenção de cuidados transicionais foi
comparada com a alta hospitalar padrão. No entanto, a alta
hospitalar padrão não foi descrita claramente e, portanto, não se
sabia o que as condições de controle de comparação implicavam.
Tod
os os estudos incluíram a descrição das intervenções em
termos de indicadores de qualidade específicos, como
atendimento centrado na pessoa e na família e pontualidade, no
entanto, com exceção das pesquisas de satisfação do paciente
conduzidas em metade do
s estudos, houve relatos limitados de
avaliação de resultados desses indicadores de qualidade.
Lacunas na base de evidências eram
aparentes nos domínios de qualidade de
pontualidade, equidade, eficiências para
provedores comunitários,
eficácia/gerenciamento de sintomas e
domínios de cuidados centrados na pessoa e
na família. Mais pesquisas que envol
vam a
pessoa e sua família/cuidador em
intervenções de cuidados transicionais são
necessárias.
Artigo 4
Examinar a taxa de
apresentações no
departamento de
emergência por
pacientes internados
recentemente
liberados usando 3
métricas de tempo
—
dentro de 0
–
3 dias, 0
–
7 dias e 0
–
30 dias da
alta.
Ao interpretar as taxas relatadas de reingresso, é importante
ter em mente que elas não incluem os pacientes que buscaram
atendimento em outras unidades de tratamento agudo, então
provavelmente subestimam a verdadeira extensão desse uso. A
qualidade dos dados também pode ser questionada, pois a função
primária de qua
lquer banco de dados administrativo não é a
pesquisa, e altos volumes de pacientes no departamento de
emergência podem impactar negativamente a qualidade da entrada
de dados. Apesar dessas limitações, as descobertas destacam a
necessidade de incluir aprese
ntações do departamento de
emergência em qualquer exame de reingresso em tratamento
agudo por pacientes internados recentemente liberados.
As taxas observadas de readmissão
hospitalar e apresentações no departamento
de emergência por pacientes internados
recentemente liberados enfatizam a
necessidade de ação, dado o custo dessa
reentrada não apenas para o sistema de
saúde, mas também para os
pacientes e suas
famílias. Estabelecer mecanismos para
rastrear a frequência de uso do
departamento de emergência por essa
população de pacientes e as influências que
contribuem para sua ocorrência pode
revelar oportunidades para melhorar a
transição do pa
ciente do hospital para casa,
reduzindo a reentrada em cuidados agudos
e melhorando a entrada
-
saída
-
rendimento
do departamento de emergência.
Artigo 5
Ao examinar
atentamente situações
específicas de alta,
analisamos a maneira
como as necessidades
de cuidados são
definidas e como o
trabalho de cuidados é
transferido, e
identificamos as
incertezas inerentes
para profissionais de
saúde, pacientes e
parente
s.
Não identificado limitações relatadas pelo autor.
Ao olhar atentamente para situações
específicas de alta, analisamos a maneira
como as necessidades de cuidados são
definidas e como o trabalho de cuidados é
transferido, e identificamos as incertezas
inerentes para profissionais de saúde,
pacientes e paren
tes. Mostramos como os
sinais clínicos têm precedência sobre a
experiência incorporada, e como situações
complexas são reduzidas a problemas
viáveis para permitir a alta.
Artigo 6
Elucidar domínios de
cuidados de alta
qualidade para essa
crescente população
de pacientes para os
quais os modelos de
cuidados transitórios
não atendem às suas
necessidades.
Primeiro, os aspectos do processo GCM são necessariamente
subjetivos, exigindo que os membros da equipe de pesquisa usem
seu julgamento especializado e uma compreensão dos objetivos
do projeto para orientar decisões específicas. Segundo, o grupo
total de p
articipantes do GCM foi relativamente pequeno em
comparação com o de alguns outros projetos do GCM. É possível
que um número maior de participantes possa ter elucidado
construtos adicionais pertinentes ao cuidado de pacientes de longa
permanência.
o mapeamento de conceito de grupo
capacitou um painel de profissionais de
saúde e pais para descrever e conceituar
explicitamente o atendimento de alta
qualidade para pacientes e famílias que
passam por estadias prolongadas na UTIP.
Essas informações ajuda
rão no esforço para
abordar as deficiências dos modelos de
atendimento transitórios da UTIP.
Desospitalização nas Instituições Hospitalares: Revisão Integrativa
8
Rev. Tec. Cient. CEJAM. 2025;4:e202540037
Artigo 7
Natureza da alta
hospitalar tardia
através das lentes de
uma estrutura de
políticas (ideias,
instituições e
interesses; estrutura
3
-
I).
Embora as descobertas possam ser transferíveis para populações
que apoiam o planejamento de alta em assistência médica, bem
como para pacientes e suas famílias, não analisamos as diferenças
nas experiências por fatores sociais (etnia, gênero, status
socioe
conômico), fatores que influenciam as experiências e os
resultados de saúde [40
–
42]. Também não conduzimos uma
comparação de casos entre nossos locais urbanos e rurais porque,
ao realizarmos nossa análise, notamos que os desafios e
experiências descritos e
ram amplamente semelhantes, com uma
ressalva central que era o grau do desafio vivenciado. Não
examinamos questões específicas vivenciadas por grupos
profissionais específicos ou incluímos prestadores de cuidados
fora do setor hospitalar. Também limitamos
nossa amostra a
populações de pacientes com mais de 50 anos (visto que são
desproporcionalmente impactadas pela alta tardia).
Lidar com a alta tardia precisa ser uma
prioridade intersetorial para que vários
setores e organizações possam trabalhar
juntos para abordar coletivamente o
problema e garantir que os pacientes e suas
famílias recebam cuidados no melhor lugar
para atender
às suas necessidades. Uma
abordagem de setor único (por exemplo,
apenas hospital) para alta tardia leva ao
foco em prioridades específicas da
organização, como aumentar a capacidade
organizacional e reduzir o tempo de
internação, o que cria tensões entre o
s
provedores e com os pacientes e seus
cuidadores. Além disso, fortalecer os
relacionamentos com os pacientes e
cuidadores como membros da equipe para
criar um entendimento compartilhado de
metas e prioridades é necessário para
abordar melhor esse problema
de política
de longa data.
Artigo 8
Transição do cuidado
de pacientes de
COVID19
que tiveram alta do
serviço hospitalar
para o domicílio.
Esse estudo teve como limitação, a coleta de dados através de
contato telefônico, mesmo
com a apresentação e identificação do pesquisador antes do início
da entrevista, houve receio dos participantes no repasse de
informações para pessoas desconhecidas.
A qualidade da transição do cuidado
percebida pelo paciente recuperado de
COVID19, ou por seus cuidadores, no
processo de alta hospitalar para o domicílio,
foi considerada alta, evidenciando o
envolvimento da equipe multiprofissional
no preparo e orientaçõ
es para o seguimento
dos cuidados no domicílio, medidas estas
que podem reduzir as taxas de reinternações
e complicações pós alta hospitalar.
Artigo 9
ações de enfermagem
na transição do
cuidado do hospital
para o domicílio de
pacientes com Covid
-
19. avaliação da
qualidade da transição
do cuidado a
pacientes com Covid
-
19 na alta em
Hospitais
Universitários
brasileiros, na
perspectiva de
pacientes e
cuida
dores.
Como limitação do estudo, pode
-
se citar o período de publicação
entre 2019 e 2021. Assim, sugere
-
se a produção de novos estudos
sobre a temática proposta frente à necessidade da qualificação das
ações da transição do cuidado ao paciente.
A literatura apontou que as principais ações
de enfermagem na transição do cuidado aos
pacientes que receberam alta após
internação devido a Covid
-
19, foram a
educação em saúde, telessaúde,
monitoramento do paciente, envolvimento
da equipe multidisciplinar
, entre outros,
permitindo um processo de transição com
maior qualidade. A avaliação da qualidade
do cuidado obteve resultado satisfatório,
considerando os desafios vivenciados pela
Covid
-
19, como a escassez de recursos e
conhecimento sobre a nova doença.
DISCUSSÃO
Em relação à metodologia utilizada nas publicações, houve
maior predominância de estudos de revisão sistemática (2
estudos) utilizando as recomendações JBI (7), seguido por
questionário transversal (2 estudos), dados estes que diferem das
revisões de Santo
massino et al
(20)
e Joseph et al
(21)
. Esses estudos
contemplam o mesmo contexto histórico tradicional que
objetivam estudos clínicos, difere desta revisão que buscou não
fazer cortes por métodos e sim pela temática proposta.
Verificou
-
se que a maioria dos artigos (67%) foram publicados
no idioma inglês, reforçando a universalização através deste
idioma e apenas 03 estudos, dos 09 selecionados, com idioma
português
(11
-
19)
.
Todos os estudos tiveram em comum os componentes de
transição do cuidado do hospital para o domicílio, em sua grande
maioria, na população em geral, sem cortes por idade, com
exceção de alguns estudos que
analisaram
a
desospitalização
apenas da população idosa
(5,13)
. Todos estes estudos focaram na
necessidade de se evitar as readmissões, mostrando que essa é
uma preocupação crescente, em nível global, para se evitar os
impactos que podem causar para todos os envolvidos com os
cuidados do paciente. Em estudo recente,
Sousa et al
(22)
observaram as preocupações manifestadas pelos cuidadores,
familiares e o próprio paciente em relação a alta do paciente
idoso, no que diz respeito a transição do cuidado, como
“informações”, “experiência”, “responsabilidade”, “preocupação”
e “comunicação”.
Os achados nos mostraram que há a preocupação sobre
métodos de alta planejados, focando a segurança e o cuidado do
paciente com qualidade, a fim de se evitar os riscos de se ter
readmissões precoces, especialmente em 30 dias, ditos como um
período crucial
para o restabelecimento
domiciliar, especialmente
quando se trata de extremos de idade, dentre eles os mais
fragilizados, os idosos. Estes achados corroboram com os estudos
Desospitalização nas Instituições Hospitalares: Revisão Integrativa
9
Rev. Tec. Cient. CEJAM. 2025;4:e202540037
de Robert et al
(23)
e Mitsutake et al
(24)
e, mais recente
mente
Parker
et al
(25)
destacaram o impacto positivo da atuação dos enfermeiros
na diminuição das readmissões de idosos fragilizados e
enfatizaram a necessidade de manter o paciente em seu local de
escolha, o bem
-
estar psicossocial, bem como o paciente adquirir
autonomia para m
elhorar a qualidade de vida em intervenções de
cuidados de transição
.
Para isto, tem
-
se intensificado esforços entre
a
equipe
multidisciplinar
e
equipes
de desospitalização envolvendo equipe
médica, enfermagem
e
assistência social, ressaltamos aqui a
equipe de enfermagem atuando com intervenções nas quais
permite identificar e atuar nas principais demandas necessárias
para a transição de cuidados seguros do ambiente hospitalar para
o residencial
(20
-
21,24)
.
Não identificamos nos estudos, equipes multidisciplinares ou
serviços/departamento de desospitalização
dedicados dentro das
instituições hospitalares, para atuarem no monitoramento dos
pacientes com potencial de alta ou ainda daqueles pacientes com
longa permanência de internação hospitalar. Observamos
também a ausência da transição de cuidados para hospit
ais ou
clínicas
de transição ou reabilitação, sendo a assistência domiciliar
(
home care
) a forma desta transição ocorrer para aqueles
pacientes que carece
m de suporte para a alta hospitalar.
Limitações do Estudo
A principal limitação desta revisão está relacionada à
amostragem de estudos por sua heterogeneidade, não sendo
possível determinar padrões de propostas de cuidado de transição
de desospitalização, bem como não tivemos o quantitativo
significante de trabal
hos em nível nacional que estudasse a
temática abordada por este estudo. Portanto, sugere
-
se que
estudos posteriores ampliem as buscas com desenhos
transversais, especialmente longitudinais na busca de casuísticas
com seguimentos bem estabelecidos avaliand
o fatores
influenciadores a fim de se propor medidas de qualidade na
desospitalização segura sem riscos de readmissões precoces.
Contribuições para a Ciência
Os resultados deste estudo contribuirão para que mais estudos
sejam desenvolvidos, promovendo maior discussão e inclusão
deste tema nas tomadas de decisão dos gerentes, sendo também
um alerta para a necessidade de futuros estudos sobre
desospitalização
.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A maior parte dos artigos foi de revisões e questionários. Os
autores descreveram as atividades ou fizeram propostas de
intervenções a serem realizadas por enfermeiros e/ou equipes
multidisciplinares, bem como a efetividade das ações para a
transição do cu
idado da pessoa internada para o domicílio. Em
2022 houve um aumento significativo de publicações, talvez em
consequência da COVID
-
19 que aumentou a demanda por leitos.
Os resultados do estudo confirmaram a necessidade de se
fazer uma melhor gestão de leitos nos hospitais e implantar, de
forma sistematizada, os cuidados de transição ou
desospitalização, que contribuirá para melhorar a realidade dos
serviços de saúde, qual
idade de vida dos pacientes e seus
familiares, bem como os indicadores de qualidade e
sustentabilidade do sistema de saúde tanto público quanto
privado. Foi possível também observar que, os artigos levantados,
não relataram a existência de equipes de desos
pitalização ou
transição de cuidados ou, ainda, a desospitalização para hospitais
de transição e sim apenas serviços de assistência domiciliar
(home care)
.
CONTRIBUIÇÃO DO AUTORES
Transparência na contribuição segundo a Taxonomia
CRediT
:
Conceitualização
:
Luciano Rodrigues de Oliveira; Isabel Cristina
Kowal Olm Cunha
.
Curadoria de dados
:
Luciano Rodrigues de Oliveira; Luiza
Watanabe
Dal Ben
.
Análise formal
:
Luciano Rodrigues de Oliveira
.
Aquisição de financiamento
:
Luciano Rodrigues de Oliveira
.
Investigação
:
Luciano Rodrigues de Oliveira; Luiza Watanabe
Dal Ben
.
Metodologia
:
Luciano Rodrigues de Oliveira; Isabel Cristina
Kowal Olm Cunha
.
Administração do projeto
:
Luciano Rodrigues de Oliveira;
Isabel Cristina Kowal Olm Cunha
.
Recursos
:
Não aplicável.
Software
:
Não aplicável.
Supervisão
:
Isabel Cristina Kowal Olm Cunha
.
Validação
:
Isabel Cristina Kowal Olm Cunha
.
Visualização
:
Luciano Rodrigues de Oliveira
.
Escrita
-
esboço original
:
Luciano Rodrigues de Oliveira
.
Escrita
-
revisão e edição
:
Luciano Rodrigues de Oliveira; Isabel
Cristina Kowal Olm Cunha
.
DECLARAÇÕES
Conflitos de interesse:
Não
há
.
Financiamento
: Bolsa Capes
–
Doutorado
-
Fundação
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
Aprovação ética:
Parecer: 6.946.222
.
Agradecimentos:
Não aplicável.
Preprint:
Não aplicável.
Uso de tecnologias assistidas por Inteligência Artificial:
Não aplicável.
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