Rev. Tec. Cient. CEJAM. 2025;4:e202540034
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Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
Rua Dr. Lund, 41, Liberdade
São Paulo/SP - CEP: 01513-020
11 3469-1818
revista.cientifica@cejam.org.br
Autoria
Elaine Cristina da Silva
1
ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-7170-0096
Leticia Cunha da Silva
1
ORCID:
https://orcid.org/0009-0003-8568-6688
Celso Vilella Matos
1
ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-8236-6385
Instituição
1
Centro De Medicina De Reabilitação Lucy Montoro,
Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim
(CEJAM), Santos, Brasil.
Autor Correspondente
Elaine Cristina da Silva
e-mail: <c.pesquisa.lm@cejam.org.br>
Como citar este artigo
Silva EC, Silva LC, Matos CV. Acompanhamento
Assistencial de Pacientes com Lesão Encefálica
Adquirida Após Alta do Programa de Reabilitação
Física. Rev. Tec. Cient. CEJAM. 2025;:e20250034.
DOI:
https://doi.org/10.59229/2764-9806.RTCC.
e20250034
.
Submissão
Aprovação
19/02/2025
17/04/2025
Artigo Original
Acompanhamento Assistencial de Pacientes com
Lesão Encefálica Adquirida Após Alta do Programa de
Reabilitação Física
Assistive Follow-up of Patients with Stroke After Discharge From a
Physical Rehabilitation Program
Resumo
Objetivo
: Acompanhar o seguimento dos pacientes com AVC aos recursos
assistenciais no município de origem, após alta do tratamento de reabilitação
física.
Método:
Estudo observacional e retrospectivo, através de coleta de
dados de prontuários eletrônicos e físicos dos participantes que frequentaram
o CMRLMS e retornaram para acompanhamento pós alta do tratamento, no
período de janeiro/2019 a dezembro/2021. Foram selecionados 89 prontuários
de participantes com diagnóstico médico de AVC, que concluíram o programa
de reabilitação e mantiveram acompanhamento após a alta.
Resultados:
119
atendimentos de consultas de acompanhamento pós alta foram realizados com
o serviço médico e social nesse período. A prevalência de encaminhamentos
foi para serviço de fisioterapia, seguido do recurso de atividade física. O maior
número de encaminhamentos foi referente ao retorno pós alta de 06 meses
com diminuição progressiva de encaminhamentos aos recursos assistenciais nos
demais meses.
Conclusão:
A maioria das pessoas atendidas, que retornaram aos
acompanhamentos pós alta e que foram encaminhadas aos recursos assistenciais,
enfrentaram alguma dificuldade no acesso às vagas nos primeiros seis meses pós
reabilitação. Além disso, a atividade física possuiu maior índice de seguimento em
relação aos recursos encaminhados.
Descritores
: Lesões Encefálicas; Acidente Vascular Cerebral; Pessoa com
Deficiência; Reabilitação.
Abstract
Objective:
To monitor the follow-up of patients with stroke to care resources in
the city of origin, after discharge from physical rehabilitation treatment.
Method:
It was an observational and retrospective study, based on data collection from
electronic and physical medical records of participants who attended CMRLMS and
returned for post-discharge follow-up from January 2019 to December 2021. A
total of 89 medical records of participants diagnosed with stroke were selected,
all of whom completed the rehabilitation program and continued follow-up after
discharge.
Results:
A total of 119 follow-up consultations were conducted with the
medical and social services during this period. The most prevalent referrals were
for physical therapy services, followed by physical activity programs. The highest
number of referrals occurred at the six-month post-discharge follow-up, with a
progressive decline in referrals to assistive resources in the following months.
Conclusion:
The majority of individuals who returned for post-discharge follow-
ups and were referred to assistive resources faced difficulties in accessing available
slots within the first six months after rehabilitation. Additionally, physical activity
had the highest follow-up rate among the referred resources.
Descriptors
: Brain Injury; Stroke; Disabled Persons; Rehabilitation.
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INTRODUÇÃO
Estima-se que mais de um bilhão de pessoas convivam com
alguma forma de deficiência, dentre as quais aproximadamente
200 milhões experimentam dificuldades funcionais consideráveis.
No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,
2022)
(1)
, identificou 17,2 milhões de pessoas com deficiência de
dois anos ou mais de idade, ou seja, corresponde a 8,4% da
população dessa faixa etária. Sendo o perfil feminino (9,9%) mais
do que masculino (6,9%), e mais incidente em pessoas pretas ou
pardas (8,7%) do que brancas (8,0%).
Constitucionalmente no país, o acesso integral à saúde da
pessoa com deficiência em todos os níveis de complexidade é
um direito assegurado pelo artigo 18 do Estatuto da Pessoa com
Deficiência (lei 13.146/2015), assim como sua reabilitação. A
lei prevê medidas efetivas e apropriadas para possibilitar que as
pessoas com deficiência conquistem e conservem o máximo de
autonomia e plena capacidade física, mental, social e profissional,
bem como plena inclusão e participação em todos os aspectos da
vida
(2)
.
Além disso, a Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência
(RCPD), instituída pela Portaria nº 793, de 24 de abril de 2012,
tem como objetivo ampliar e qualificar os atendimentos às pessoas
com deficiência, como também garantir a articulação e integração
dos pontos de atenção das redes de saúde no território. Os
componentes do RCPC se organizam em 3 partes: Atenção Básica,
como as Unidades Básicas de Saúde, abrangendo os serviços da
Equipe Multiprofissional [antes denominada de Núcleo de Apoio
à Saúde da Família (NASF)] e da Atenção Odontológica; Atenção
Especializada em Reabilitação Auditiva, Física, Intelectual, Visual,
Ostomia e em Múltiplas Deficiências; Atenção Hospitalar e de
Urgência e Emergência
(3)
.
No âmbito da atenção especializada, Lesões Encefálicas
Adquiridas (LEA), como o Acidente Vascular Cerebral (AVC)
(4)
, é
uma condição de saúde prevalente nos centros de reabilitação
física, que acarreta prejuízos na funcionalidade podendo gerar
dependência funcional. Além disso, é considerada uma das
principais causas de morte, incapacidade funcional e cognitiva no
país, com índices alarmantes
(5-7)
.
O Ministério da Saúde (2013)
(8)
pontua sobre a importância da
reabilitação com uma equipe multiprofissional ser iniciada o mais
rápido possível após a alta hospitalar, pois o tratamento médico
imediato associado à reabilitação adequada, pode minimizar as
incapacidades e reduzir as sequelas do AVC. Sabe-se que uma
lesão encefálica, no caso o AVC, gera uma desorganização cortical,
o que requer um programa de reabilitação física especializado e
focado na oferta de estímulos necessários para o aprendizado
motor. As limitações físicas da pessoa com esta condição de
saúde incluem alterações de mobilidade e funcionalidade, com
alterações sensoriomotoras
(9-10)
.
O Centro de Medicina de Reabilitação Lucy Montoro Santos
(CMRLMS) tem como objetivo prestar o serviço de reabilitação
às pessoas com deficiências físicas incapacitantes (motoras e
sensório-motoras), provenientes do Sistema Único de Saúde
(SUS). A unidade atende os usuários dos municípios do litoral
sul de São Paulo, de Bertioga a Peruíbe, encaminhados,
majoritariamente, pelos serviços de média complexidade via
Sistema Informatizado de Regulação do Estado de São Paulo
(SIRESP). Os tratamentos no CMRLMS são realizados por equipe
multidisciplinar, composta por profissionais especializados em
reabilitação, entre médicos fisiatras, enfermeiras, fisioterapeutas,
nutricionistas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes
sociais, educadores físicos e fonoaudiólogos.
Durante a reabilitação do usuário é importante que ele, a
equipe multidisciplinar e os familiares participem ativamente
desse processo a fim de que os objetivos sejam alcançados.
A reabilitação física deve iniciar o mais rápido possível tendo
em vista a prevenção e redução de agravos pela doença e
consequentemente sua deficiência física
(11)
.
Neste contexto, também deve-se assegurar a sua trajetória
de seguimento e acessos aos serviços de referência e
contrarreferência
(12)
. As medidas para uma LEA envolvem um
cuidado contínuo que segue um processo desde prevenções
primárias e secundárias à reabilitação, redução de fatores
de risco, cuidados pós alta de unidade de reabilitação e apoio
domiciliar. Destaca-se a importância destas medidas para um
impacto positivo na maneira como esta condição de saúde é
tratada refletindo no melhor acesso ao tratamento, mediante
necessidades
(12)
.
As pessoas atendidas no CMRLMS são acompanhadas por um
período que varia de acordo com o plano de tratamento individual.
Após conclusão do programa de reabilitação e consequente
alta do seu tratamento, a pessoa atendida continua recebendo
acompanhamento pós alta. O acompanhamento pós alta é um
atendimento realizado com serviço médico e social, a cada seis
meses no período de dois anos, na instituição. O propósito deste
acompanhamento é verificar o seguimento destes usuários aos
recursos assistenciais, conforme demanda apresentada
(4)
.
Levando em consideração o cuidado pós alta da unidade de
reabilitação, torna-se fundamental a garantia dessa articulação
aos sistemas de contrarreferência, deste usuário. Dessa forma,
o objetivo principal do estudo foi acompanhar o seguimento dos
usuários com AVC, aos recursos assistenciais no município de
origem, após a alta do tratamento de reabilitação física.
MÉTODO
Desenho e Cenário
A pesquisa se baseia num estudo observacional e retrospectivo,
através de coleta de dados de prontuários eletrônicos e físicos
dos participantes que frequentaram o CMRLMS e retornaram
para acompanhamento pós alta do tratamento, no período de
janeiro/2019 a Dezembro/2021. Para a garantia da qualidade
e critérios, o estudo foi norteado pela ferramenta de qualidade
Strengthening the reporting of observational studies in
epidemiology
(STROBE)
(13)
.
Protocolo de Pesquisa
Para o levantamento de dados, todos os prontuários das
pessoas atendidas neste período foram selecionados e avaliados.
Como critérios de inclusão, foram selecionados prontuários de
participantes com diagnóstico médico de AVC, que concluíram o
programa de reabilitação e que mantiveram acompanhamento em
retorno de consultas médicas após a alta, no período do estudo.
Prontuários com informações incompletas foram excluídos.
Durante a busca foram selecionados 89 prontuários. Como
rotina da instituição, todos as pessoas atendidas no CMRLMS,
após a conclusão do seu programa de reabilitação, se mantem
em acompanhamento pós alta, por até dois anos. Durante esse
período são agendadas consultas médicas, juntamente com o
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serviço social, a cada seis, 12, 18 e 24 meses. Ressalta-se que
um prontuário (usuário) pode ter retornado em mais de uma
consulta de acompanhamento pós alta, neste período. Nestas
consultas, são priorizados o levantamento de necessidades de
encaminhamentos aos recursos assistenciais do município de
origem, assim como a verificação deste seguimento.
Coleta de Dados
As informações coletadas nos prontuários, foram extraídas
dos atendimentos com o serviço médico e social, que ocorreram
nos seguintes períodos: seis, 12, 18 e 24 meses após a alta
do tratamento de reabilitação física. Para cada período foram
verificados três pontos:
1.
Tipos de encaminhamentos aos recursos assistenciais
prescritos pelo serviço médico, mediante demanda da
pessoa atendida, como: fisioterapia, terapia ocupacional,
nutricionista, fonoaudiologia, psicologia e atividade física;
2.
Seguimento nos recursos acima prescritos no município
de origem: se houve busca e manutenção do recurso
assistencial;
3.
Motivos do não seguimento.
Análise de Dados
A análise dos dados foi realizada com base na distribuição
da porcentagem das variáveis de interesse em relação ao total
da amostra. Em seguida, os resultados foram organizados para
descrever a frequência dessas variáveis entre os participantes.
Os dados foram apresentados em tabelas para facilitar a
sua visualização e interpretação. Essa abordagem permitiu uma
análise descritiva detalhada das variáveis estudadas, sem a
necessidade de testes estatísticos inferenciais.
Aspectos Éticos e de Integridade
Neste estudo, os dados foram coletados e analisados de
forma anonimizada, garantindo a proteção da identidade dos
usuários e o sigilo das informações, em conformidade com a
Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD – Lei nº 13.709/2018).
Além disso, a pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de
Ética em Pesquisa (CEP), sob o parecer 4590805, que concedeu
a dispensa formal do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE), considerando que o estudo respeitava os princípios éticos
fundamentais da pesquisa científica.
RESULTADOS
Cento e dezenove atendimentos de consultas de
acompanhamento pós alta foram realizados com o serviço médico
e social, no período de janeiro de 2019 a dezembro de 2021.
Destes, 37 retornaram no período de seis meses; 38 em doze
meses; 27 em dezoito meses e 17 em vinte e quatro meses,
resultando em encaminhamentos a recursos assistenciais,
durante os atendimentos.
Na tabela 1 encontra-se o total de encaminhamentos a recursos
assistenciais durante o período de 24 meses, representados
por cada momento de retorno aos atendimentos pós alta, o
seguimento para esses recursos e seus possíveis motivos de
não seguimento. A prevalência de encaminhamentos foi para o
serviço de fisioterapia. Apenas 9,4% dos atendimentos realizados
não utilizavam recursos dos municípios.
Na tabela 2 pode-se observar os tipos de encaminhamentos
aos recursos assistenciais e seus seguimentos, ao longo de 24
meses. Na tabela 3 encontram-se o total de encaminhamentos
por período. Há um maior número de encaminhamentos nos
retornos pós alta de 6 meses. Houve diminuição progressiva
de encaminhamentos aos recursos assistenciais, assim como
melhoria do acesso às vagas disponíveis, ao longo do tempo
(Tabela 4).
DISCUSSÃO
A abordagem desta pesquisa teve como proposta o
acompanhamento das pessoas atendidas com AVC, após seu
período de alta (conclusão) do programa de reabilitação física no
CMRLMS.
Esse programa de reabilitação contempla o acesso a uma
equipe multidisciplinar, com o objetivo de promover o máximo
da funcionalidade e independência facilitando o acesso à sua
participação social. Estudos demonstram que a reabilitação
intensiva e contínua, envolvendo uma equipe multidisciplinar
(10)
,
contribui significativamente para a recuperação funcional e
reintegração social
(11)
.
Desta forma, o acompanhamento pós-alta se torna
fundamental para manutenção de ganhos obtidos favorecendo
sua adaptação ao contexto de vida. Para isto, todos as pessoas
atendidas no CMRLMS retornam ao serviço de reabilitação para
acompanhamento em quatro oportunidades: seis, 12, 18 e 24
meses, após alta. E, mediante demandas, são encaminhadas para
seguimento a recursos assistenciais, no seu município de origem.
Entretanto, cabe ressaltar que, ao se tratar de saúde pública,
compreende-se uma elevada demanda de pessoas a esses
serviços. Desta forma, nem sempre é possível a continuidade
do tratamento de forma regular como esperado. Pois, filas de
espera
(14)
, alta demanda, escassa mão de obra profissional,
podem ser fatores impeditivos desta continuidade
(15)
.
No presente estudo, nota-se que as pessoas atendidas puderam
ser encaminhadas a diferentes recursos assistenciais, como
fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicoterapia e
atividade física. Dentre esses, observa-se que a maioria ainda
necessitava predominantemente de seguimento com o serviço de
fisioterapia.
Tal fato, pode ser explicado pelo motivo das demandas
motoras serem predominantes nas sequelas de AVC, como por
exemplo, ajustes de locomoção. Embora este seja um serviço de
oferta mais ampla, em relação aos demais recursos, grande parte
apresentou dificuldades em seguimento por falta de vaga nos
municípios de origem, principalmente nos primeiros seis meses
de acompanhamento.
Estudos sobre a distribuição espacial dos serviços de
reabilitação em outras regiões indicam que a localização dos
serviços pode influenciar o acesso dos usuários
(16)
, especialmente
em áreas urbanas extensas
(17)
.
O mesmo autor
(17)
destaca como pontos relevantes, o acesso
aos serviços de saúde e oferta restrita de serviços de reabilitação
para atender a alta demanda em questão. Apesar de no presente
estudo, parte dos motivos de não seguimento ter sido por falta
de vaga, esta situação relacionada à localização dos serviços, não
deve ser descartada. Embora não haja dados específicos sobre
a distribuição dos serviços na Baixada Santista, é plausível que
fatores semelhantes afetem o acesso na região.
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Tabela 1
– Acompanhamento dos atendimentos pós alta do tratamento de reabilitação física de pessoas com AVC, no período de 24
meses e seus respectivos encaminhamentos aos recursos assistenciais, Santos, Brasil, 2025.
Tipos de encaminhamentos e
número total de atendimentos
pós alta
Total de
encaminhamentos
para recursos
assistenciais
(N)
Seguimento
Motivos do não seguimento
Não usam o
serviço do
município
37 atendimentos
06 meses (n=34)
S
Na
Falta de
vaga
Não
buscaram o
recurso
Fisioterapia
44,1% (n=15)
40% (n=06)
53,3% (n=08)
87,5% (n=07)
12,5% (n=01)
6,7% (n=01)
Terapia Ocupacional
8,8% (n=3)
0% (n=0)
100% (n=3)
100% (n=3)
0 % (0)
0
Fonoaudiologia
5,9% (n=2)
50% (n=1)
50% (n=1)
100% (n=1)
0
0
Atividade física
29,4% (n=10)
50% (n=05)
40% (n=04)
75% (n=03)
25% (n=01)
10% (n=01)
Psicoterapia
11,8% (n=4)
25% (n=1)
25% (n=1)
100% (n=1)
0% (n=0)
50% (n=02)
Total período
91,9%
13
17
15
2
04
38 atendimentos
12 meses (n=22)
Fisioterapia
59,1% (n=13)
69,2% (n=09)
23,1% (n=03)
66,7% (n=02)
33,3% (n=01)
7,7% (n=1)
Terapia Ocupacional
22,7% (n=5)
40% (n=2)
20% (n=1)
100% (n=1)
0% (n=0)
40% (n=2)
Atividade física
13,7% (n=03)
66,7% (n=02)
33,3% (n=01)
100% (n=01)
0% (n=0)
0
Psicoterapia
4,6% (n=01)
0% (n=0)
25% (n=1)
100% (n=0)
100% (n=1)
0% (n=0)
Total período
57,9%
13
06
04
02
03
27 atendimentos
18 meses (n=18)
Fisioterapia
55,6% (n=10)
50% (n=05)
40% (n=04)
100% (n=04)
0% (n=0)
10% (n=1)
Terapia Ocupacional
5,6% (n=01)
100% (n=01)
0% (n=0)
0% (n=0)
0% (n=0)
0
Atividade física
22,2% (n=04)
50% (n=02)
50% (n=02)
0% (n=0)
100% (n=02)
0
Psicoterapia
16,7% (n=03)
100% (n=03)
% (n=0)
% (n=0)
% (n=0)
0
Total período
66,7% (n=18)
11
6
4
2
1
17 atendimentos
24 meses (n=11)
Fisioterapia
18,2% (n=02)
50% (n=01)
50% (n=01)
100% (n=1)
0
0
Atividade física
81,8% (n=09)
100% (n=09)
0% (n=0)
0% (n=0)
0% (n=0)
0
Total período
64,7%
10
01
01
0
0
Total geral
119 atendimentos
0 a 24 meses
71,4% (n=85)
55,3% n=47
35,3% n=30
83,3% n=24
20% n=6
9,4% n=8
Legenda: S (Sim); Na (Não)
Tabela 2 –
Tipos de encaminhamentos realizados nos acompanhamentos pós alta, aos recursos assistenciais nos municípios e sua
adesão (% de seguimento), Santos, Brasil, 2025.
Encaminhamentos para recursos assistenciais
(N)
% de Seguimento (N)
Não usam o serviço
Sim
Não
Fisioterapia
40 (47%)
21 (52,5%)
16 (40%)
3 (7,5%)
Terapia Ocupacional
9 (10,6%)
3 (33,3%)
4 (44,4%)
2 (22,2%)
Fonoaudiologia
2 (2,4%)
1 (50%)
1 (50%)
0
Psicoterapia
8 (9,4%)
04 (50%)
02 (25%)
2 (25%)
Atividade física
26 (30,6%)
18 (69,2%)
7 (26,9%)
1 (3,8%)
Total
85
47 (55,3%)
30 (35,3%)
8 (9,4%)
Tabela 3 –
Total de encaminhamentos por período, Santos, Brasil, 2025.
Acompanhamento pós alta
Total de atendimento pós alta (N)
Total de encaminhamentos para recursos assistenciais
6 meses
37 atendimentos
91,9% (n=34)
12 meses
38 atendimentos
57,9% (n=22)
18 meses
27 atendimentos
66,7% (n=18)
24 meses
17 atendimentos
64,7% (n=11)
Total
119 atendimentos
85
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Tabela 4
– Seguimento aos recursos encaminhados ao município por período (pós alta), Santos, Brasil, 2025.
Acompanhamento pós alta (meses)
Total encaminhado (n)
Sim
Não
Não usa serviço do município
6
34
38,2% (n=13)
50% (n=17)
11,8% (n=04)
12
22
59% (n=13)
27,3% (n=06)
(13,6%) (n=03)
18
18
61,1% (n=11)
33,3% (n=06)
5,6% (n=01)
24
11
90,9% (n=10)
9,1% (n=01)
0
Souza et al
(18)
, destacam que a baixa disponibilidade de
vagas para reabilitação física no Sistema Único de Saúde (SUS)
reflete uma limitação estrutural que compromete o princípio da
integralidade do cuidado. A oferta de serviços de saúde, como
reabilitação especializada ocupa espaço mundial, como fator a ser
ressaltado e melhor investigado.
Bright et al
(19)
, em sua revisão sistemática, avaliaram o acesso
a serviços de reabilitação para pessoas com deficiência em países
de baixa e média renda. Os autores sugeriram que o acesso à
reabilitação é geralmente limitado para pessoas com deficiência
nesses países. Entretanto, cabe ressaltar que, em nosso estudo, a
maior defasagem de vagas se deu nos primeiros seis meses após
a alta. À medida que o tempo avançou, menor foi a necessidade
de encaminhamentos, assim como menor a dificuldade de acesso
a vagas. Nota-se que ao término do período de acompanhamento
de 24 meses, a maioria dos encaminhamentos aos recursos
assistenciais foi atendido. Pode-se sugerir que o processo de
demora possuiu tempo limitado, o que nos traduz a realidade
atual da demora para início dos atendimentos devido filas de
esperas
(14,18)
.
Outro ponto que se destaca é a adesão à atividade física.
Embora não tenha sido questionado o tipo de atividade, a maioria
destes puderam dar seguimento a esse encaminhamento.
Compreende-se uma inversão proporcional de demandas à pessoa
com AVC ao longo do tempo.
Inicialmente a demanda maior era para acompanhamento
de fisioterapia. Ao longo do tempo, entende-se que estas são
sanadas com uma recuperação e estabilidade funcional. A partir
deste momento, é importante destacar o papel da atividade física
nestes usuários. Uma vez reabilitada, seu papel social predomina
para que a atividade física seja preponderante. Portanto, cabe
a nós profissionais da saúde ressaltar que atividade física deve
ser incluída às pessoas com deficiência. E assim, estimular mais
locais regionais para recebê-los de forma adaptada.
Paralelo a isso, nota-se que uma parcela mínima de pessoas
não utilizava serviço do SUS, ao longo dos 24 meses. Por este
motivo e por não ser o objetivo principal do estudo, estes foram
apenas sinalizados para conhecimento e não acompanhamento.
Embora a presente pesquisa destaque pontos importantes
para se considerar durante esta rotina institucional, cabe
pontuar algumas limitações do estudo. Uma delas foi o não
acompanhamento do mesmo usuário em todos os retornos pós
alta, em que compareceu.
O entendimento destes motivos daria uma dimensão maior
do percurso pós alta e possível discriminação e compreensão por
região. Entretanto, a proposta não era acompanhar a trajetória
do mesmo usuário. E sim, compreender o seguimento dos
encaminhamentos propostos em cada consulta pós alta, durante
os períodos abordados.
Além disso, tendo em vista a falta de vagas aos recursos
assistenciais, nos primeiros meses pós alta, não foi levantado
o período de espera destas pessoas até que conseguissem o
acesso. E por último, não foi possível abranger o tipo de atividade
física adquirida pelos participantes, a fim de compreender
quais apresentariam melhor adaptação para plausíveis
encaminhamentos específicos. Esses aspectos nos traduzem
a importância da continuidade deste acompanhamento para
mapearmos possíveis barreiras, a fim de reduzi-las dentro das
possibilidades institucionais.
CONCLUSÃO
A maioria das pessoas atendidas, que retornam aos
acompanhamentos pós alta e que são encaminhadas aos recursos
assistenciais, enfrentam alguma dificuldade de vaga nos primeiros
seis meses, pós reabilitação.
Além disso, a atividade física se torna preponderante à medida
que o tempo de lesão aumenta.
Sugere-se novos estudos a fim de investigar e categorizar
possíveis barreiras e facilitadores nesse processo de pós alta das
pessoas que frequentam um centro de reabilitação física.
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