Rev. Tec. Cient. CEJAM. 2025;4:e202540029
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revista.cientifica@cejam.org.br
Autoria
Abel Silva de Meneses
1
ORCID:
https://orcid.org/0000-0003-1632-2672
Instituição
1
Área de Pesquisa e Inovação Aplicada, Centro de
Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (CEJAM), São
Paulo, Brasil.
Autor Correspondente
Abel Silva de Meneses
e-mail: <abel.meneses@cejam.org.br>
Como citar este artigo
Meneses AS. Inteligência Artificial Generativa na
Comunicação Científica: recomendações para
autores, revisores e editores. Rev. Tec. Cient.
CEJAM. 2025;4:e202540029. DOI:
https://doi.
org/10.59229/2764-9806.RTCC.e202540029
.
Submissão
Aprovação
02/12/2024
06/02/2025
Artigo Original
Inteligência Artificial Generativa na Comunicação
Científica: recomendações para autores, revisores e
editores
Generative Artificial Intelligence in Scientific Communication:
Recommendations for Authors, Reviewers, and Editors
Resumo
Objetivo:
Propor recomendações para autores, revisores e editores sobre
integridade na aplicação de Inteligência Artificial (IA) em comunicações científicas.
Método:
Estudo de síntese temática resultante do compilado de conteúdos de
sociedades científicas, diretrizes de periódicos científicos, produções acadêmicas
e demais produções científicas sobre IA. Uma busca iterativa foi conduzida para
incluir diretrizes e conteúdos relevantes sobre integridade na aplicação da IA em
comunicações científicas até a saturação da temática.
Resultados:
Recomendações
para autores, revisores e editores, relacionando o uso consciente da IA em função
da Autoria e Colaboração, Transparência, Qualidade, Atribuição, Limitações
e Responsabilidades.
Conclusão:
O processo de pesquisa é uma atividade
fundamental da ciência que, embora possa ser apoiado por tecnologias assistidas
por IA, continua sendo uma atribuição intelectual que envolve reflexões emanadas
de pensamentos complexos do ser humano, resultando na geração de insights e
observações que se traduzem e evidências de aplicação na vida real.
Descritores:
Inteligência Artificial; Revisão por Pares; Editoração; Ética na
Publicação Científica; Comunicação e Divulgação Científica.
Abstract
Objective:
To propose recommendations for authors, reviewers, and editors
regarding integrity in the application of Artificial Intelligence (AI) in scientific
communications.
Method:
A thematic synthesis study resulting from the
compilation of content from scientific societies, guidelines from scientific journals,
academic productions, and other scientific outputs on AI. An iterative search was
conducted to include relevant guidelines and content on integrity in the application
of AI in scientific communications until thematic saturation was reached.
Results:
Recommendations for authors, reviewers, and editors regarding the conscious use
of AI concerning Authorship and Collaboration, Transparency, Quality, Attribution,
Limitations, and Responsibilities.
Conclusion:
The research process is a fundamental
scientific activity that, although it can be supported by AI-assisted technologies,
remains an intellectual endeavor involving reflections stemming from the complex
thoughts of human beings. This process generates insights and observations that
translate into real-life applications and evidence.
Descriptors
: Artificial Intelligence; Peer Review; Publishing; Scientific Publication
Ethics; Scientific Communication and Diffusion.
Inteligência Artifcial Generativa na Comunicação Científca: recomendações…
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INTRODUÇÃO
A atividade científica percorreu notável trajetória ao longo
da história da humanidade, passando por rigorosos invernos de
ignorância até desabrochar à luz dos métodos mais proeminentes
da ciência moderna.
E, quando grandes lacunas metodológicas pareciam superadas,
especialmente no domínio da ética em pesquisas, novos desafios
despontaram a respeito da integridade nas práticas metodológicas
de comunicação científica no contexto da Inteligência Artificial
Generativa (IAGen), quando, em novembro de 2022, a OpenAI
lançou o ChatGPT (
Chat Generative Pre-trained Transformer
)
(1)
.
Mas, antes de continuar tratando sobre o aspecto atual da IA,
é mister revisitar as contribuições de alguns atores para o modelo
IA como a conhecemos.
O primeiro pensamento original considerando a perspectiva
atual da IA desponta no ano de 1842, quando a matemática e
escritora Ada Lovelace, responsável por escrever o primeiro
algoritmo de computador da história (Máquina Analítica) fez
consideração equivalentes às propriedades da IA (a máquina não
terá ideias originais, mas poderá manipular símbolos e fazer o
que humanos já fazem)
(2)
.
Passaram-se 101 anos até que, em 1943, Warren McCulloch
e Walter Pitts escrevessem um artigo abordando as minúcias da
neurofisiologia da célula nervosa e apresentassem o primeiro
modelo matemático contendo estruturas de raciocínio artificiais
que imitavam o sistema nervoso humano
(3)
. Então, passados sete
anos, em 1950, Alan Turing sugeriu que poderia "ordenar" que a
máquina atuasse de modo 'original', programando-a para produzir
respostas não previsíveis em um teste cuja máquina fosse capaz
de emular a comunicação escrita para se passar por um humano
e convencer outros participantes de que conversavam com outro
humano. Esse experimento ficou conhecido como "T
he Imitation
Game
"[O Jogo da Imitação]
(4)
.
Mas, foi em 1956 que John McCarthy, durante a Conferência
do
Dartmouth College
, em
New Hampshire
(USA), usou o termo
"
Artificial intelligence
" [inteligência artificial] pela primeira vez,
referindo-se a um novo campo do conhecimento
(5)
.
Em 1966, 10 anos após a IA Conference, um professor de
ciência da computação do
Massachusetts Institute of Technology
chamado Joseph Weizenbaum criou o primeiro chatbot da
história
(6)
. Ele o escalou para o papel de um psicoterapeuta e
o batizou de ELIZA. Weizenbaum destacou que "Alguns sujeitos
têm sido muito difíceis de convencer de que Eliza (com seu
script atual) não é humana". Até mesmo sua secretária solicitou
momentos em particular para conversar com ELIZA, pedindo que
Weizenbaum se ausentasse da sala
(7)
.
Após 10 anos (1976) do lançamento de ELIZA, Weizenbaum
escreveu um livro (
Computer power and human reason: From
judgment to calculation
[Poder do computador e razão humana:
do julgamento ao cálculo]) que causou grande perturbação na
comunidade científica dedicada à IA e mudou sua imagem de
devoto a herege da IA
(8)
. O assunto foi parar na primeira página
do New York Times - Seria uma "obscenidade monstruosa",
escreveu Weizenbaum, deixar um computador desempenhar as
funções de um juiz em um ambiente legal ou de um psiquiatra em
um ambiente clínico
(9)
.
De alguma forma as preocupações de Weizenbaum se tornaram
proféticas quando, por exemplo, uma matéria jornalística de
2023 anunciou: "Juiz usa inteligência artificial [ChatGPT] para
fazer decisão e cita jurisprudência falsa"
(10)
.
Embora a IA tenha demonstrado potencial ímpar, foi por essas
"alucinações" da máquina e tantas outras lacunas metodológicas
e éticas sobre sua aplicabilidade que a comunidade científica tem
refletido sobre potenciais diretrizes de integridade na comunicação
de conteúdo científico assistido por IA.
Dito isto, autores, revisores e editores de periódicos científicos
estão preocupados, mas, ávidos por diretrizes que respaldem
sua conduta nesses tempos em que uma imensa quantidade de
retratação de artigos tem sido notificada, haja vista o alto custo
do processo editorial de revisão por pares estimado em US$
1.272 por pessoa, por ano
(11)
.
Considerando a existência de lacunas sobre transparência
metodológica acerca da aplicação de IA em publicações científicas,
além da necessidade de consenso de sociedades científicas e de
isonomia nas diretrizes de periódicos científicos, o presente artigo
se propôs a compilar e sintetizar conteúdos difusos da internet
a esse respeito, com o objetivo de propor recomendações para
autores, revisores e editores sobre integridade na aplicação de
Inteligência Artificial (IA) em comunicações científicas.
MÉTODO
Desenho, Período e Cenário
Pesquisa qualitativa de síntese temática norteada pela diretriz
Enhancing transparency in reporting the synthesis of qualitative
research
(ENTREQ)
(12)
.
Estudo realizado durante os meses de abril a agosto de 2024
para subsidiar o repertório do autor durante a comunicação da
sessão científica "Desafios das publicações científicas na era
da Inteligência Artificial" ministrada no dia 18 de setembro de
2024 na ocasião do 26° Congresso Brasileiro dos Conselhos
de Enfermagem (CBCENF) realizado entre os dias 16 a 19 de
setembro de 2024 no Centro de Convenções de Pernambuco
(13)
.
Protocolo de Pesquisa
Foi adotada a abordagem de análise temática para identificar
padrões e categorias em diretrizes e conteúdos sobre aplicação
de IA na comunicação científica. Portanto uma busca iterativa
foi conduzida para incluir diretrizes e conteúdos relevantes sobre
integridade na aplicação da IA em comunicações científicas até a
saturação da temática.
Foram incluídas diretrizes e conteúdos publicados após
30 de novembro de 2022, data de lançamento do ChatGPT
(1)
,
provenientes de sociedades científicas, diretrizes de periódicos
científicos, produções acadêmicas e demais produções científicas
em inglês, português e espanhol, disponíveis online.
As fontes de dados incluíram bases de dados eletrônicas
(PubMed/MEDLINE, SciELO e LILACS), pesquisa genérica na Web
(Google Scholar) e literatura cinzenta de sites organizacionais e
relatórios de políticas de pesquisa (ICMJE, COPE, COEP, WAME,
EQUATOR Network, Elsevier, Frontiers, Peer Review Week, Editage
Insights e UNESCO). Utilizou-se os termos 'Inteligência Artificial',
'Diretrizes Éticas', 'Publicações Científicas', combinados com
filtros para estudos qualitativos e documentos de 2022-2024, em
inglês e português, resultado em 141 achados, dentre os quais,
apenas 18 integraram o objeto de estudo.
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O processo de triagem e seleção de conteúdos sobre o objeto
de estudo contemplou a revisão de texto completo. Visando uma
revisão rápida e reflexiva sobre os achados, apenas um revisor
realizou a triagem mediante codificação linha por linha para
identificar categorias sobre aplicação da IA em comunicações
científicas.
As diretrizes e conteúdos sobre aplicação da IA na comunicação
científica foram comparadas para identificar convergências
e divergências em recomendações para autores, revisores e
editores. Os temas foram identificados de forma indutiva, com
categorias refinadas durante reflexões do autor e cotejamento
com a literatura científica sobre o tema.
Uma proposta de recomendação para autores, revisores
e editores foi desenvolvida para aplicação prática, além de
recomendação para relatar o uso de prompts em IAGen.
Considera-se nesta comunicação científica as tecnologias
assistidas por IAGen que envolvem
Large Language Model ou
Grandes Modelos de Linguagem
[Grandes Modelos de Linguagem]
(LLMs), chatbots ou criadores de imagens.
A proposta teórico-empírica para relatar aplicação de prompts
originou-se de insights emanados das reflexões sobre as
recomendações propostas neste artigo e foi retratada na seção
"Recomendações para Construção de Prompt".
Aplicação de Tecnologia Assistida por Inteligência Artificial
No tocante às recomendações para construção de prompt,
embora o objetivo deste artigo não envolvesse a validação de
prompt, uma atividade empírica para teste de prompt foi conduzida
para constatar o que foi proposto na seção "Recomendações para
Construção de Prompt".
A tarefa consistiu em simular uma revisão por pares com
assistência do ChatGPT versão 4.0 da OpenAI em 03 de julho
de 2024. A justificativa para emular a revisão por pares reside
na escassez de publicação sobre essa atividade assistida por IA.
Para tanto, foram empregados os seguintes prompts:
•
"Preciso que você atue como um 'peer reviwer' de uma revista
científica de enfermagem. Você é um especialista na área
'inteligência artificial na pesquisa de Enfermagem', e fará uma
revisão crítica e construtiva do manuscrito que vou lhe enviar
(farei upload). Você atenderá as instruções que lhe darei com
rigor e precisão, e responderá a cada um das perguntas que vou
lhe fazer de modo inequívoco. As respostas devem ser formais
e analítica em tom amigável para que o autor receba uma
avaliação eficiente para melhorar seu manuscrito. Apresente
relatório de até 5 linhas contendo as oportunidades de melhoria
do manuscrito em cada seção que vou lhe apresentar, para o
autor melhorar a qualidade do manuscrito".
•
"REVISÃO DE CONTEÚDO: Revise o manuscrito quanto à clareza
e coerência. Identifique os pontos fracos do texto, como falta
de clareza na apresentação dos resultados e na argumentação
da discussão, e forneça sugestões específicas para melhorar
trechos que possam ser confusos ou menos eficazes, como a
integração da introdução com os objetivos do estudo. Indique
as sugestões de melhorias que o autor humano pode fazer
para aumentar a qualidade do manuscrito. Avalie os resultados
gerais no final com uma escala Likert de 1 (Muito ruim) a 10
(Muito bom)".
O conteúdo completo dessa interação com o ChatGPT pode
ser apreciado acessando o link público <
https://chatgpt.com/
share/67a2060b-5e98-8007-a3c5-c2a846087f45
>.
Considerando que qualquer manuscrito (integral ou em
parte) poderá ser incorporado ao processo de aprendizagem
da IA, o autor decidiu que o fazer científico supera os riscos ao
ineditismo do artigo ao emular a atividade de revisor no ChatGPT,
onde submeteu à IA uma versão inicial do deste manuscrito
previamente publicada em preprint
(14)
.
Considerando que a IA ainda não tenha sido treinada o
suficiente para este tipo de atividade, vieses de imprecisão
na geração do resultado do prompt podem acontecer, mas,
minimizados com ajustes nos prompts.
RESULTADOS
Recomendações
Grande parte da preocupação dos editores é que a aplicação
da IA resulte em diminuição da integridade do fazer científico já
que não se sabe como o algoritmo determina algumas respostas.
Por exemplo, será necessário entender ou ter justificativa do
porquê a IA recomendou leitura de determinado texto ou uso de
teste estatístico ou representação visual em detrimento de outro.
O autor deve verificar a política editorial da revista para ver se
poderá usar IA, disponibilizar dados abertos e públicos, contendo
os protocolos / scripts de IA utilizados.
Um dos papeis do parecerista é verificar a integridade da
pesquisa em função da sua expertise sobre o tema que avalia e
deve ter habilidade de avaliar conteúdo assistido por IA.
O Quadro 1 apresenta uma perspectiva geral sobre as
principais recomendações de integridade para autores, revisores
e editores relacionadas à aplicação de IA na comunicação de
manuscritos revisados por pares.
Além dos elementos fundamentais sobre integridade na
aplicação da IA relacionados a autores, revisores e editores, este
artigo também traz propostas sobre declaração de prompts.
Tendo em vista que a IA utiliza conteúdo disponível e publicado,
tal qual se faz em estudos de revisão, a proposta de construção
de prompt foi inspirada estratégia PICO (Paciente/Problema,
Intervenção, Comparação/Controle, Outcome [desfecho],
correlacionando-a respectivamente com os conceitos Papel/
Função, Atribuição, Especificação e Resultado (Papel/Função de
pessoa que a IA deve assumir, Atribuição que a IA deve realizar,
Especificação da tarefa que a IA deve executar, e Resultado da
entrega que a IA deve fazer conforme designação formulada).
Nessa perspectiva, a recomendação para comunicação de
prompts na atividade científica obviamente foi inspirada no
fluxograma PRISMA de estudos de revisão, para demonstrar
o refinamento dos prompts em cinco
(5)
fazes: Identificação,
Filtragem, Interações, Análise e, Conclusão. No contexto da
discussão, outros elementos de conteúdo são apresentados como
proposta desta comunicação científica.
Embora não tendo a intenção de esgotar todo escopo do
estado da arte sobre o assunto, o conteúdo se presta a destacar
algumas recomendações sobre autoria e suas relações com o uso
da IA, transparência sobre o uso da IA, qualidade na comunicação
científica que utilizou IA, atribuições da IA empregada na pesquisa,
limitações e potenciais vieses do uso da IA e, responsabilidades
assumidas com o uso da IA.
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Quadro 1 -
Recomendações sobre integridade na aplicação de IA em comunicações científicas, São Paulo, Brasil, 2024.
Recomendações
Autor
Revisor
Editor
Autoria e
Colaboração
Responsável pela produção
intelectual do manuscrito, de tal
modo que a IA não poderá ser
incluída na lista de autores.
Responsável por emitir
parecer propondo melhorias e
recomendando ou não a publicação
de um manuscrito. Assume
responsabilidade integral por
aplicação de IA na revisão e a ela
nenhuma responsabilidade pode
atribuir.
Responsável por declarar no
periódico a política editorial e de
autoria e colaboração, segundo
concesso da comunidade científica
de editores de periódicos, além da
resposabilidade por toda a política
de uso da IA nas submissões
consideradas pelo periódico.
Transparência
Descreve como a IA foi usada na
condução do trabalho científico
em detalhes suficientes para uma
publicação revisada por pares.
É necessário uma declaração
explícita de aplicação de IA nos
procedimentos de pesquisa e
comunicação científica, inclusive
apresentando o prompt com
todas as relações e sequências de
prompt secundário empregados na
atividade científica. Se nenhuma
IA generativa foi usada, declare
na carta de apresentação da
submissão.
Somente incorporar IA no processo
de revisão por pares, quando está
fizer parte da política editorial do
periódico. Deverá informar sua
aplicação no relatório de revisão
por pares no campo confidencial
para o editor. Deverá explicar
a interação que teve com a IA
e quais recomendações foram
declaradas pela IA, segundo
critérios objetivos de avalição.
Informar ao editor e autor sobre
uso da IA. A subjetividade deve ser
desencorajada.
Quando incorporar IA no processo
editorial, incluindo revisão por
pares, esta deve ser declarada
de forma inequívoca na política
editorial do periódico. Autores que
decidem submeter seu manuscrito
no periódico, precisam saber que
seu manuscrito (integral ou em
parte) poderá ser incorporado a
ao processo de aprendizagem da
IA, pois isto poderá ter implicações
sobre a confidencialidade e
ineditismo do manuscrito.
Qualidade
A fundamentação científica e
a definição das hipóteses da
atividade científica com aplicação
de IA deve ser inequívoca. Seguir
diretrizes de IA disponíveis na
rede EQUATOR e proceder o
registo inequívoco do protocolo
de pesquisa com os respectivos
pronpts em repositório digital com
atribuição de DOI.
Aplicação da IA deve ser realizada
sob supervisão do editor,
seguindo diretrizes do periódico
e de sociedades de editores para
salvaguardar a integridade no
processo de revisão por pares.
Estar em estreita sintonia com as
regulamentações sobre aplicação
da IA e conhecer consensos e
discensos sobre o tema. Ser
siginatário e aplicar recomendações
das sociedades de editores e demais
instituições idôneas de referência
atividade científica internacional.
Atribuição
Declarar o nome da IA, modelo,
versão, data de aplicação, justificar
a pertinência técnica da IA para
responder à pergunta de pesquisa
e contribuição para atividade
científica.
Declarar o nome da IA, modelo,
versão, data de aplicação, serviço
e contribuição para a revisão do
manuscrito.
Declarar o nome da IA, modelo,
versão, excerto do termo de uso
da IA caso a IA tenha potencial
de reutilização de informações
fornecidas e contribuição para
o processo editorial e avanço
científico.
Limitações
Informar limitações e os potenciais
vieses de aplicação de IA no campo
específico "Limitações da Pesquisa"
ou na discussão do manuscrito.
Informar potenciais vieses ou
recomendações tendenciosas que
podem emanadas do uso da IA na
revisão por pares.
Informar potenciais vieses no
processo editorial com aplicação
de IA em todas as atividades do
periódico.
Responsabilidade
Se o autor ocultar a informação
sobre uso de IA e, durante o
processo de revisão por pares, ou
após sua publicação for constatado
que o autor usou IA e não declarou
adequadamente, o manuscrito
poderá ser desconsiderado para
publicação, sofrer retratação ou
ter sua publicação e imagem
maculada.
O autor que usa IA assume os
riscos potenciais sobre sua escolha.
É recomendável compreender
termos de uso de qualquer IA para
entender como o conteúdo dos
prompts pode ser reutilizado pela
IA generativa e pela empresa que
a desevolveu.
Se o revisor ocultar informação
sobre aplicação da IA e isto for
identificado nas demais tramitações
do processo editorial do manuscrito,
ou após isto, o revisor poderá ser
descredenciado e ter sua imagem
maculada perante a comunidade
científica de revisores e editores. O
uso da IA não subistitui a avaliação
especializada do revisor, nem o
isenta de prestação de contas
sobre sua avaliação.
O editor tem responsabilidade
de verificar se a IA escolhida tem
potencial para uso secundário
ou reutilização de informações
fornecidas e declarar na política
editorial do periódico.
Se o editor ocultar informações
sobre aplicação de IA no processo
editorial, isto poderá prejudicar o
ineditismo e a confidencialidade
do manuscrito que o autor
submeteu, ou ainda, se envolver
em reclamações jurídicas e
administrativas por parte de
autores e instâncias reguladoras de
periódicos.
Fonte: Elaboração do autor.
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DISCUSSÃO
Papel do Autor
Autor é o ser humano que exerce papel intelectual sobre
um produto científico e, sobre ele, toma decisões e assumi
responsabilidades pelo produto intelectual apresentado. A IA não
pode assumir deliberadamente riscos e benefícios que configurem
responsabilidade cívil sobre o produto gerado e, portanto, não
poderá assumir a autoria nas comunicações científicas
(15)
.
A propósito, um caso curioso em que o ChatGPT foi atribuído
como autor em publicação da revista
Nurse Education in Practice
(Elsevier) foi objeto de muitas discussões pela comunidade
científica e imprensa. Naquela ocasião o editor do periódico se
pronunciou e, junto com o autor, fizeram retratação e ajustes na
autoria do artigo publicado
(1,16-18)
.
Atualmente já existe entendimento de que a AI não pode ser
considerada como autor segundo os critérios de autoria definidos
pelo
International Committee of Medical Journal Editors
(ICMJE),
pois, o conceito de autoria envolve a assunção de responsabilidade
pelo conteúdo, conflito de interesse e integridade da comunicação
científica. Similarmente, a atribuição de agradecimento a
colaboradores e instituições também implica no endosso dos
citados antes de compor seu nome nos agradecimentos da
comunicação científica
(15)
.
Nessa perspectiva, embora exista recomendação de que
aplicação de IA para assistência na escrita deve ser relatado
na seção de agradecimentos
(15)
, isto pode contrariar a ideia de
colaboração, já que a IA não pode ter sentimento de gratidão.
Diante disso, o mais apropriado seria incluir uma seção "Assistência
de Inteligência Artificial" no final do artigo, como é o caso das
seções opcionais, material suplementar, agradecimentos, conflitos
de interesse, financiamento ou outras contribuições dígnas de
atribuição.
Embora os problemas de ética e integridade na ciência não
sejam incomuns, a publicação de resultados imprecisos pode
prejudicar não só a geração de evidências, mas também causar
danos catastróficos, especialmente na área da saúde cujo processo
de trabalho é baseado em evidências. Portanto, ter integridade
na pesquisa tempos de IA é uma necessidade premente para
conferir confiabilidade nos conteúdos científicos que resultarão
em evidências para melhor eficiência e segurança da atenção à
saúde humana.
Dito isto, é responsabilidade fundamental do autor a declaração
explicita do uso de IA em qualquer etapa do processo científico
e, até mesmo, na comunicação do conteúdo científico
(15)
. Por
exemplo, se a IA for usada para assistência à escrita, tradução ou
outra atividade textual ou linguística, isso deverá ser declarado
em seção opcional para este fim. Mas, se a IA for usada para
coleta de dados, análise, geração de figuras, ou qualquer técnica
de pesquisa, o autor deverá descrever o protocolo dessa atividade
na seção método podendo atribuir citação e referência completa
do modelo de IA empregado
(15,19)
.
Assim como em protocolos de revisão de escopo, o protocolo
de aplicação da IA deve ser declarado de forma inequívoca e
replicável. O autor deve declarar o modelo de IA utilizado, sua
versão e data de uso. Deve também apresentar o prompt principal
e secundários utilizados na sequência (se houver) com efeito de
refinamento, filtragem ou quaisquer interações e combinações
articuladas entre modelos que, de alguma forma, resultaram no
conteúdo apresentado na pesquisa
(19)
.
Protocolos com prompts muito extensos e suas combinações
podem ser apresentados como material suplementar, ancorados
nos repositórios de dados vinculados aos periódicos ou,
registrados em repositórios de acesso e livre, como o
Open
Science Framework
(OSF) <
https://osf.io/
>, desde que o
Digital
Object Identifier
(DOI) seja informado no método.
Considerando que o autor deve documentar o uso de IA que
assistiu à pesquisa na seção método, tal qual tradicionalmente
se faz com o uso das demais tecnologias empregas na pesquisa
a fim de permitir sua replicabilidade por outros cientistas, já é
possível identificar 17 diretrizes para pesquisa com uso de IA,
dentre as demais diretrizes de transparência e qualidade para
produção de pesquisa em saúde da rede EQUATOR (
Enhancing
the QUAlity and Transparency Of health Research
)
(20)
. Duas das
diretrizes mais utilizadas em pesquisas na saúde com extensão
para IA já estão disponíveis: "
Reporting guidelines for clinical
trial reports for interventions involving artificial intelligence: the
CONSORT-AIExtension
"
(21)
, e "
Guidelines for clinical trial protocols
for interventions involving artificial intelligence: the SPIRIT-
AIExtension
"
(22)
.
O autor tem a responsabilidade intransferível de realizar
a curadoria do conteúdo produzido com assistência de IA,
devendo declarar limitações e potenciais vieses emanadas de
seu uso, e solucionar fragilidades como as alucinações da IA e
qualquer evidência de plágio. Sua responsabilidade envolve ainda
a revisão e edição cuidadosa dos conteúdos gerados pela IA,
devendo solucionar quaisquer indícios de resultados imprecisos
ou tendenciosos que possam prejudicar a interpretação ou a
replicação da pesquisa
(15)
.
De fato, se o autor decidir ocultar a informação sobre aplicação
de IA e, durante o processo de revisão por pares, ou após sua
publicação for constatado que o autor usou IA e não declarou,
adequadamente, o manuscrito poderá ser desconsiderado para
publicação ou sofrer retratação se tiver sido publicado. De qualquer
forma, a publicação e a imagem do autor poderão ficar maculada
perante a comunidade científica da sua área de especialidade.
Quanto as pesquisas envolvendo seres humanos que
requerem apreciação por Comitê de Ética em Pesquisas (CEP),
convém destacar que a Lei nº 14.874/ 2024
(23)
, que dispõe sobre
a pesquisa com seres humanos e institui o Sistema Nacional de
Ética em Pesquisa com Seres Humanos, nada versa sobre IA. No
entanto, atribui forte responsabilidade cível ao pesquisador que
desfavorecer o participante de pesquisa de qualquer forma, o que
inclui qualquer desfavorecimento envolvendo uso da IA.
Por exemplo, se um protocolo de pesquisa submetido ao CEP
for usar IA para tratamento de informações de seres humanos, o
CEP poderá solicitar o prompt e requerer que o pesquisador declare
isto para o participante de pesquisa no Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE). Além disso, o CEP irá apreciar o
protocolo de pesquisa com uso de IA em função das Resoluções
do Conselho Nacional de Saúde que envolvem informações sobre
seres humanos.
No tocante a procedimentos práticos sobre o uso de IA na
pesquisa por parte de autores, é possível destacar iniciativa
de revisão de escopo assistida por IA, na qual os autores
experimentaram o CahtPDF a partir de prompts inspirados nas
perguntas formuladas para ficha de leitura humana, tendo este
humano a decisão final sobre os achados. Os prompts foram
previamente calibrados com um testes iniciais para evitar viés de
Inteligência Artifcial Generativa na Comunicação Científca: recomendações…
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concordância, entretanto, mesmo nas perguntas que requeiram
respostas triviais (sim/não) os autores ainda identificaram
respostas redundantes ou evasivas
(24)
. Também disponibilizaram
no OSF as ferramentas de IA empregadas na pesquisa
(25)
.
No demais, recomenda-se que o autor esteja atualizado sobre
novos possibilidades de pesquisa usando IA, mas, atento para
possíveis consequências, riscos e paradoxos do uso de IAs na
atividade científica, tais como dilemas de autoria, deterioração da
integridade da pesquisa, limitação das abordagens metodológicas
e modificações nas dinâmicas de produção de conhecimento
(26)
.
Papel do Revisor
A revisão por pares tem sua origem no século XVII, quando a
Royal Society of London
iniciou a prática de avaliar manuscritos
científicos. Há muito tempo a comunidade científica e as pessoas
em geral confiam na comunicação de evidências que foram
submetidas ao procedimento de revisão por pares. Embora o
processo de revisão por pares não seja isento de desafios, essa
etapa ainda é padrão ouro para garantir qualidade e credibilidade
na comunicação de pesquisas científicas
(27)
.
Os elementos constitutivos da revisão por pares envolvem
imparcialidade na análise crítica de manuscritos, seleção de
revisores apropriados com experiência relevante, revisores
identificáveis e publicamente responsáveis, revisões oportunas e
comentários críticos úteis.
Algumas revistas, como por exemplo as do grupo Elsevier,
permitem que o autor use IA generativa, mas, não permitem que o
revisor as utilize. Também não permitem que seus revisores façam
upload do relatório de revisão por pares. Sua principal justificativa
é proteger os direitos dos autores e a confidencialidade de suas
pesquisas. No entanto, não descartaram a possibilidade de uso da
IA nas revisões por pares em um futuro próximo ao informar que
estão avaliando ativamente ferramentas de IA compatíveis com
possibilidade revisar sua política editorial em breve
(28)
.
Já a editora Frontiers que conta com 232 periódicos, é um
pouco mais flexível, ao declarar na sua política de
peer review
que as tecnologias de IA generativas não devem ser usadas para
revisar o conteúdo de um manuscrito submetido ou usadas para
tomar decisões quanto à aceitação ou rejeição de um manuscrito,
mas, poderá ser usada para revisar estruturas, inconsistências,
formatos, diretrizes e demais verificações similares, pois, a
responsabilidade pela integridade do processo de revisão deve
permanecer com os revisores e editores
(29)
.
Não obstante, periódicos e pesquisadores das ciências
humanas têm sido mais ousados, publicando diretrizes para
utilização de IA em todo o processo editorial, desde que haja total
transparência. Por exemplo, declarado informações aos autores de
que o manuscrito poderá sofrer avaliação assistida por IA durante
o processo de revisão por pares, informando que o revisor poderá
fazer
upload
do manuscrito em IA generativa e que o conteúdo
poderá ser incorporado à aprendizagem da IA. Assim, autores
que fizerem submissão de seu manuscrito nos periódicos decidem
fazê-lo tendo conhecimento sobre o uso da IA nesse processo. A
"
Revista Electrónica Educare
", publicou um "
Guide for the use and
reporting of Artificial Intelligence in scientific-academic journals
"
completo sobre uso de IA em todo o processo editorial
(30)
.
A propósito, muitas revistas que se prestam a realizar avaliação
por pares abertas, ou mesmo as avalições cegas já contam com
a divulgação dos pareceres quando da publicação do manuscrito.
Desta feita, o revisor que usar IA deverá ser capaz de explicar a
interação que tiver com a IA e suas contribuições para o processo
de revisão do manuscrito, evitando subjetividades.
Publicação da denominada "
Peer Review Week
[Semana de
Revisão por Pares] (PRW)" feita por um grupo de editores chefe
de revistas internacionais em 2023, apresenta a percepção sobre
uso da IA na revisão por pares como segue.
A considerar:
A
IA pode comparar o resultado com a literatura existente, plágio,
corrigir referências e erros gerais, como erros de ortografia e
gramática. Como a IA usa informações do passado, pode ser útil
para verificar o estado da arte na introdução ou em estudos de
revisão.
A não considerar:
A IA não pode avaliar a importância
científica de um artigo e nem atribuir julgamento complexo sobre
o conteúdo revisado
(31)
.
Embora alguns autores de uma revisão, que levantou
potenciais IAs para apoiar a publicação e a revisão por pares,
declarem que o valor da IA para dar suporte à revisão por pares
ainda não foi claramente demonstrado
(32)
, iniciativas em guias,
editoriais e artigos revisados por pares tentam trazer luz ao
processo de revisão por pares com propostas de prompts para a
tarefa do revisor
(30,33-34)
.
Detalhes suficientes devem ser fornecidos para que um editor
tenha compreensão clara e completa do papel da IA na geração de
relatórios de revisão por pares. O editor responsável pode solicitar
que o revisor por pares forneça mais detalhes, por exemplo, os
prompts usados e as respostas geradas pela IA
(35)
.
Autores que publicaram o artigo "ChatGPT poderá ser o revisor
do seu próximo artigo científico. Evidências sobre os limites das
revisões acadêmicas assistidas por IA" apresentam diversos
prompts para o procedimento de revisão por pares no ChatGPT
(34)
.
Outras experimentações de revisão por pares usando o ChatGPT
publicadas informam prompts de entrada e respostas da IA
(36)
.
A propósito, no dia 22/08/2024, o
Centro Latinoamericano
y del Caribe de Información en Ciencias de la Salud
, vinculado
à
Biblioteca Virtual en Salud
(BVS) promoveram no contexto
das "
Buenas Prácticas en los Procesos Editoriales de Revistas
Científicas LILACS
(2024)" um encontro virtual sobre "
IA en el
Proceso Editorial: Desafíos y Oportunidades
", em que foi feito
uma apresentação experimental de uma revisão por pares
usando o ChatGPT, que foi gravada e o link <
https://youtu.
be/KDxV9ExVUjs
> ficou disponível na página da Literatura
Latinoamericana y del Caribe en Ciencias de la Salud (LILACS)
(37)
.
Papel do Editor
Semelhante aos revisores e autores, os editores que avaliam
e emitem decisões sobre manuscritos são responsáveis pelo
conteúdo de suas decisões preliminares e decisão final (aceito ou
rejeitado), não estando isentos que questionamentos sobre seu
processo de trabalho
(35)
.
Visando assegurar a integridade e confiabilidade dos resultados
e conclusões apresentados em manuscritos que usam IA e
manter a confiança do público sobre as evidências comunicado
no periódico, o editor deve divulgar na "política editorial" do
periódico e "instruções aos autores" todas as recomendações
e considerações éticas, metodológicas e de transparência e
integridade que envolvam uso da IA na submissão de manuscritos,
revisão por pares e demais procedimentos editoriais que dela faça
uso
(15,37-40)
.
Devido às grandes incógnitas sobre os algoritmos da IA
e suas potenciais alucinações, um número significativo de
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periódicos nacionais e internacionais consideram o emprego da
IA exclusivamente com o objetivo de melhorar a legibilidade e
a qualidade da linguagem durante o processo de escrita do
manuscrito, excetuando seu uso para analisar e extrair insights
de dados como parte do processo de pesquisa
(35)
.
Como já dito, alguns periódicos, como por exemplo os do
grupo Elsevier, permitem que o autor use IA generativa, mas, não
permitem que o revisor ou editor as use. Sua principal justificativa
é proteger os direitos dos autores e a confidencialidade de suas
pesquisas
(28)
.
Os periódicos que fizerem uso da IA generativa no processo
editorial, devem ser transparentes com os autores e revisores,
devendo declarar aos autores que, ao submeter seu manuscrito,
a IA potencialmente poderá fazer uso secundário ou reutilização
de informações fornecidas. Informações estas que constam nos
termos de uso da IA adotada
(19,30).
Os periódicos que decidirem fazer uso da IA devem então,
declarar informações precisas sobre sua política e exigir que
autores e revisores declarem adequadamente o uso da IA. A esse
propósito, o
Committee on Publication Ethics
[Comitê de Ética
em Publicações] (COPE) recomenda que os periódicos devem ter
políticas claras sobre o uso de IA, com declarações como parte do
processo de submissão
(41)
.
Na declaração da política editorial e nas instruções aos autores,
o editor do periódico pode exigir que os autores divulguem se
usaram tecnologias assistidas por IA (como LLMs, chatbots ou
criadores de imagens) na produção do trabalho enviado e também
divulguem se não usaram. É prudente exigir transparência no
processo de pesquisa e reforçar que o uso de prompt deve evitar
alucinações da IA
(30,39,42)
.
Solicitar declaração assinada pelos autores sobre integridade
de uso da IA é uma das principais formas de ratificar a
responsabilidade do autor, que poderá versar na seguinte
forma: Declaração: Durante a preparação deste manuscrito,
o(s) autor(es) usaram [NOME DA FERRAMENTA/SERVIÇO] para
[MOTIVO]. Após uso da IA, o(s) autor(es) que revisaram e
editaram o manuscrito assumem responsabilidade integral pelo
conteúdo do artigo publicado
(30,41)
.
Outra recomendação importante é que os editores solicitem,
no método, a inclusão de uma nova seção "Aplicação de Tecnologia
Assistida por Inteligência Artificial", para o autor explicitar a
aplicação da IA na técnica de pesquisa. O editor também poderá
solicitar que seja feito o registro do prompt em formato de
protocolo no OSF ou outro repositório com integridade similar.
O editor também é responsável pelo conteúdo gerado pela IA
durante o processo editorial, pela transparência na divulgação do
uso e pela manutenção da confidencialidade durante o processo
de revisão por pares.
Embora as ferramentas de detecção de conteúdo escrito por
IA, como o GPTZero possa parecer uma opção promissora, há um
risco de vazamento de informações ou perda de confidencialidade
ao fazer upload do manuscrito autêntico para esse tipo de
verificação. Além disso, existem outras IA que parafraseiam
textos e tentam driblar as ferramentas de verificação, o que
não impede o editor de adotar a verificação, desde que declare
na política editorial. De qualquer sorte, o documento assinado
pelo autor sobre integridade na aplicação da IA será o objeto de
maior validade em termos de responsabilidade com o processo
científico
(35)
.
É importante que o editor verifique se o autor que usou
IA cumpriu todos os requisitos do periódico e, no processo de
decisão, após revisão por pares, verifique também se o revisor
cumpriu adequadamente a política de uso de IA no processo de
revisão por pares.
A
World Association of Medical Editors
[Associação Mundial de
Editores Médicos] (WAME), reconhece que os editores precisam
de ferramentas apropriadas para ajudá-los a detectar conteúdo
gerado ou alterado por IA. Essas ferramentas devem ser
disponibilizadas aos editores independentemente da capacidade
de pagar por elas, para o bem da ciência e do público, e para
ajudar a garantir a integridade das informações de saúde e reduzir
o risco de resultados adversos à saúde. Também reconhece que
editores e revisores devem especificar, para autores e entre si,
qualquer uso de IA na avaliação do manuscrito e geração de
revisões e correspondências
(39)
.
Enquanto não se dispõe de IA pelos provedores de periódico,
Kankanhalli recomenda algumas IAs, segundo seu potencial de
automação na apreciação de manuscritos, conforme destaque no
Quadro 2
(43)
.
A
Editage Insights
considera ainda que a IA pode ser utilizada
para verificar se o manuscrito seguiu o escopo de diretrizes
para autores do periódico, violações éticas e a conformidade do
manuscrito em seguir a diretriz da rede EQUATOR pertinente ao
estudo apresentado
(39)
.
Certamente, as instituições de indexação e de fator de impacto
irão atribuir regras para evitar consequências da IA sobre os
scores de qualificação, mas, até que isso ocorra, formuladores de
políticas de pesquisa e desenvolvedores de IA precisaram dialogar
mais e estreitar conceitos sobre a ética no uso da IA, conforme
demonstrou uma revisão de 200 diretrizes e recomendações para
governança da IA
(44)
.
Seja qual for o nível de inserção da IA no processo editorial,
é importante ressaltar que a responsabilidade do processo de
edição é do ser humano editor que acompanha o fluxo editorial e
que o resultado desse trabalho intelectual não é dependente da
utilização de IA, embora ela possa dar assistência nesse processo.
Recomendações para Construção de Prompt
Considerando tudo o que já foi apresentado sobre o papel do
autor, revisor e editor, considera-se pertinente apresentar uma
breve proposta, teórico-empírica, ainda não validada, para relatar
a aplicação de prompts em IA generativa.
Seja qual for o tipo de atividade a ser realizado com assistência
da IA, ela precisa ser treinada. Por exemplo, se um pesquisador
deseja que a IA atribua uma resposta a determinado comando,
a IA precisará ser treinada repetidas vezes até chegar em uma
resposta que seja apropriada para atender à pergunta de pesquisa
e contemplar o objeto de pesquisa propostos pelo pesquisador.
Desta forma, ao utilizar determinado número de entrada de
dados para ser submetido a um determinado prompt de IA, o
pesquisador precisará de uma amostra de dados suplementar
(maior que o necessário para responder sua pergunta de
pesquisa), pois, essa amostra suplementar deverá ser utilizada
para treinar a IA e calibrar o prompt até que se chegue no prompt
desejado sem contaminar a amostra real da pesquisa
(24)
.
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Para esse fim, considerando que a IA utiliza informações já
existentes (do passado) como objeto de suas respostas, pareceu
conveniente inspirar-se no paradígma empregado nos estudos de
revisão (PRISMA) para sugerir uma recomendação de diretriz que
auxilie o relato potencialmente inequívoco de prompts utilizados
na atividade de pesquisa assistida por IAGen
(45)
.
Em princípio, é mister entender quais são os elementos
fundamentais para construir um bom prompt. Para criar um
bom prompt, é fundamental ser claro, específico e orientado ao
objetivo desejado
(46-49)
:
•
Clareza:
O prompt deve ser compreensível e direto, evitando
ambiguidades;
•
Contexto:
Fornecer contexto suficiente ajuda a IA a entender
o que é esperado. Isso pode incluir detalhes sobre o público, o
estilo de resposta, e o objetivo final;
•
Especificidade:
Quanto mais específico o prompt, maior a
probabilidade de obter respostas relevantes. A especificidade
inclui a definição de variáveis, restrições ou condições;
•
Objetividade:
Para tarefas científicas, o prompt deve ser
restritivo o suficiente para garantir respostas circunscritas;
•
Resultado Esperado:
Orientar o prompt sobre o tipo de
resposta desejada, seja uma explicação detalhada, uma lista
de elementos ou uma análise crítica, facilita a geração de
resultados mais úteis.
Alinhando o uso de IA com métodos científicos como, por exemplo
a estratégia PICO (Paciente/Problema, Intervenção, Comparação/
Controle, Outcome [desfecho]), é conveniente estruturar o prompt
com base nesses elementos visando a obtenção de respostas
direcionadas à investigação
(50)
.
Ao correlacionar a PICO com os elementos do prompt, pode-se
obter orientações mais específicas para a criação de prompts que
produzem respostas detalhadas e relevantes. Vamos apreciar
essa correlação:
1.
Paciente/Problema (P) - Clareza/Contexto (IA):
O
"Paciente/Problema" na estratégia PICO define o foco central
da pesquisa, ou seja, o objeto de estudo ou o problema a ser
resolvido. Essa parte pode corresponde à clareza e ao contexto
na formulação de um prompt.
2.
Intervenção (I) - Especificidade (IA):
A "Intervenção"
pode corresponder à ação ou abordagem que está sendo
investigada. No caso dos prompts, isso está relacionado à
especificidade, indicando o que deve ser feito ou investigado
pela IA.
3.
Comparação/Controle (C) - Objetividade (IA):
A
"Comparação/Controle" pede um parâmetro de comparação
ou abordagem contrastante. Para prompts, a comparação
permite que a IA fique circunscrita a limites que correspondam
à especificidade da intervenção.
4.
Desfecho (O) - Resultado Esperado (IA):
O "Desfecho"
representa o resultado esperado, ou o que se deseja alcançar
com a pesquisa. Para prompts, isto define o que a resposta
deve incluir ou o que é considerado uma resposta válida ou útil.
Com base na PICO é possível tecer alguma correspondência de
organização de prompt, orientada pelo acrônimo 'PAER' (
Papel
de
pessoa que a IA deve assumir,
Atribuição
que a IA deve realizar,
Especificação
da tarefa que a IA deve executar, e
Resultado
da entrega que a IA deve fazer conforme designação formulada).
Assim, pode-se propor a formulação do prompt e facilitar geração
de uma resposta mais precisa, conforme proposta hipotética
(ainda não validada) de emulação para ChatGPT apresentada no
Quadro 3
(46-50)
.
Quadro 2 -
Potencial de Automação por IA em Publicações Acadêmicas, São Paulo, Brasil, 2024.
Tarefa
Potencial de
automação de IA
Exemplo de
ferramenta de IA
Verificação de formato:
verificação de que o manuscrito segue a regra de
formato de estrutura, estilos, referências e metadados da publicação
Alto
Penelope.ai
Detecção de plágio:
identificação da extensão e natureza da cópia de outras
fontes sem atribuição de fonte
Baixo
iThenticate, GPTZero
Qualidade da linguagem:
avaliação da legibilidade, coesão e lógica apropriadas
para o público
Médio
UNSILO
Correspondência manuscrito-revisor:
encontrar revisores adequados para um
manuscrito usando o perfil do revisor
Alto
TPMS
Escopo/relevância:
avaliação da adequação ao escopo da publicação
Médio
UNSILO, GPT-4
Solidez/rigor:
verificação de que a metodologia e análise do estudo são
rigorosas e robustas
Médio-Baixo
Enago, StatCheck,
StatReviewer
Novidade:
novidade ou desvio do corpo existente de conhecimento
Baixo
ReviewAdviser
Significado:
importância do fenômeno que o manuscrito está focando
Baixo
ReviewAdviser
Escrita e apresentação:
avaliação da clareza, precisão e eficácia da
apresentação
Alto
Grammarly, Hemingway
Editor
Verificação de reprodutibilidade:
codificação do autor e checagem de análise
de dados
Alto
GPT-4
Fonte: Kankanhalli
(43)
.
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Tendo em conta a proposta do Quadro 3, entende-se que a
sequência de prompts empregados, até que se alcance um prompt
aceitável, pode ser representada conforme fluxograma proposto
na Figura 1, inspirado no PRISMA.
Figura 1 -
Fluxograma para Sequência de Formulação de
Prompts em Pesquisa Assistida por IA, São Paulo, Brasil, 2024.
Considerando o fluxograma, as etapas para relatar a criação
do prompt pode ter a seguinte configuração:
1.
Identificação
•
Criação do prompt inicial baseado na questão de
investigação, utilizando o acrônimo PAER (PICO).
•
Especificação de detalhes como contexto, tipo de resultado
esperado, etc.
•
Resultado: IA retorna a primeira versão da resposta.
2.
Filtragem Inicial
•
Análise do conteúdo gerado pela IA.
•
Identificação de lacunas ou áreas para melhoria.
•
Geração de um novo prompt com ajustes de acordo com
as observações feitas.
•
Resultado: IA retorna a segunda versão da resposta.
3.
Interações
•
Avaliação crítica das respostas anteriores.
•
Comparação com a questão original e o objetivo de
investigação.
•
Ajustes adicionais no prompt como, especificar mais
detalhes ou limitar a resposta a certos aspectos.
•
Resultado: IA retorna uma terceira versão após uma ou
mais iterações.
4.
Análise Final
•
Introdução de novos elementos no prompt como
novas variáveis e comandos (comparações, diferentes
perspectivas ou critérios adicionais).
•
Geração de um prompt mais completo ou abrangente, se
necessário.
•
Resultado: IA retorna resposta mais detalhada com
inclusão de novos parâmetros.
5.
Conclusão
•
Síntese de resposta final comparando com o objetivo de
investigação.
•
Agregação de todas as versões geradas e comparação com
a questão de pesquisa original.
•
Resultado: IA retorna as informações esperadas ou próximo
disto. O prompt poderá estar pronto para aplicação na
pesquisa.
Quadro 3 -
Representação da proposta 'PAER' segundo a correspondência com a PICO, São Paulo, Brasil, 2024.
P
P
apel/Função
1.
Você é um especialista em (área)...
2.
Responda como especialista em (setor) especializado em...
3.
Atue como (profissão) em uma empresa de (setor)...
I
A
tribuição
1.
Escreva um tipo de conteúdo…
2.
Dê-me uma estratégia de canal de comunicação…
3.
Faça um brainstorming sobre (tópico)...
C
E
specificação
1.
Use um tom (analítico, formal, técnico)...
2.
Escreva um texto (acadêmico)...
3.
Adicione estatísticas inequívocas e suas fontes...
O
R
esultado
1.
Faça-me uma tabela com todas as informações acima…
2.
Crie um proposta contemplando…
3.
Organize sua resposta anterior do maior (características) para a menor…
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Quadro 4 -
Formulação Final de Prompt para Utilização, São Paulo, Brasil, 2024.
P1*
INSTRUÇÃO
[
P
]Atue como um 'peer reviwer' de uma revista científica. Você é um especialista
na área 'inteligência artificial na pesquisa de Enfermagem', [
A
]e fará uma revisão
crítica e construtiva do manuscrito que vou lhe enviar (farei
upload
). Você
atenderá as instruções que lhe darei com rigor e precisão, e responderá a cada
um das perguntas que vou lhe fazer de modo inequívoco. [
E
]As respostas devem
ser formais e analítica em tom amigável para que o autor receba uma avaliação
eficiente para melhorar seu manuscrito. [
R
]Apresente relatório de até 5 linhas
contendo as oportunidades de melhoria do manuscrito em cada seção que vou lhe
apresentar, para o autor melhorar a qualidade do manuscrito…
P2
REVISÃO DE FORMATAÇÃO
Examine o manuscrito e verifique se atende às instruções aos autores que vou
lhe fornecer…
P3
REVISÃO DE RELEVÂNCIA
Verifique a linha editorial do periódico "X", missão, visão (fornecer mais
informações…) e identifique se o manuscrito é relevante para o periódico em
uma escala de Likert de 1 (Nada relevante) a 10 (Muito relevante)…
P4
REVISÃO DE CONTEÚDO
Revise o manuscrito quanto à clareza e coerência. Identifique os pontos fracos do
texto, como falta de clareza na apresentação dos resultados e na argumentação
da discussão, e forneça sugestões específicas para melhorar trechos que possam
ser confusos ou menos eficazes, como a integração da introdução com os
objetivos do estudo. Indique as sugestões de melhorias que o autor humano pode
fazer para aumentar a qualidade do manuscrito. Avalie os resultados gerais no
final com uma escala Likert de 1 (Nada apropriado) a 10 (Muito apropriado)...
P5
REVISÃO DE MÉTODO
Analise a metodologia do estudo, destacando aspectos pouco fundamentados e
pouco executados. Forneça recomendações detalhadas para melhorar a descrição
dos métodos, garantindo que sejam replicáveis e que os procedimentos estejam
alinhados com as melhores práticas na área. Dê sugestões de melhorias que
o autor humano seja capaz de aumentar a qualidade do manuscrito. Avalie os
resultados gerais no final com uma escala Likert de 1 (Nada fundamentado) a 10
(Muito fundamentado)...
P6
REVISÃO DE RESULTADOS E
DISCUSSÃO
Analise a originalidade do manuscrito e sua contribuição para a área, destacando
ideias e abordagens inovadoras. Ofereça sugestões de como o autor humano
pode fortalecer a discussão de seus resultados em relação à literatura existente,
ou propor novas áreas de pesquisa decorrentes de suas descobertas. Avalie os
resultados gerais no final com uma escala Likert de 1 (Nada original) a 10 (Muito
original)...
*Observe uso do acrônimo [PAER] nos grifos do prompt P1.
Considerando a potencial necessidade de desdobramentos em
cada uma das etapas apresentadas na Figura 1, é possível que, a
depender da complexidade do objeto de investigação, o número
de itens seja maior ou menor em cada etapa.
Em uma proposta hipotética (ainda não validada) para o
ChatGPT emular um revisor por pares, seria necessário prompts
conforme representação do Quadro 4
(30,37, 46-52)
.
Tendo o propósito de ilustrar o processo de comunicação de
prompts na atividade científica, esse foi um exemplo de formulação
de prompts para revisão por pares elaborados com base outras
observações da literatura
(30,37, 47-53)
, porém, ainda não validados.
Outros prompts podem ser elaborados para verificar outras
seções do manuscrito, ou ainda, verificações sobre ética ou sobre
uso de IA. Cada um dos prompts poderá ser refinado e melhorado
com treinamento da IA e perspicácia humana, até que se alcance
uma resposta satisfatória, tendo em conta que toda resposta
requer verificação pelo elemento humano.
O mesmo método utilizado para criação e declaração de
prompt aqui utilizada em uma simulação de revisão por pares
pode ser empregado pelos autores para relatar o processo de
aplicação da IA na comunicação de suas pesquisas.
CONCLUSÃO
Ética sobre uso da IA na confecção do conteúdo de
manuscritos científicos se tornou uma questão preocupante para
comunidade científica. Confiança na integridade e validade do
processo científico não deve ser negociável. O processo científico
é uma atribuição intelectual que envolve reflexões emanadas de
pensamentos complexos para geração de insights e observações
que se traduzem e evidências de aplicação na vida real.
Alguns periódicos permitem uso da IA apenas para
aprimoramento textual. Exigem supervisão, revisão e edição
humanas. Outros permitem resumir, expandir, parafrasear e
tratar questões de conteúdo.
A IA pode ser uma boa ferramenta para identificar padrões
e, possivelmente irá contribuir com as revisões sistemáticas, no
entanto, ainda não identificou-se padrões de confiabilidade com
uso de IA na revisão por pares.
Nenhuma tecnologia é soberana e precisa de curadoria
humana, pois, as IA alucinam, inventam conteúdos e, algumas
versões de IA saem de uso, podendo prejudicar a replicabilidade
de estudos. Seja qual for a tecnologia incorporada no processo
científico, a ética, a integridade e transparência metodológica são
soberanas na geração de evidências confiáveis para contribuir
com as atividades sociais dos humanos.
No demais, revisores e editores precisarão ser capacitados
minimamente com conhecimentos básicos sobre engenharia e
avaliação crítica de prompts empregados na IA, como forma de
garantir avaliação de manuscritos com segurança e qualidade.
Certamente as proposições aqui apresentadas não esgotam o
repertório sobre o estado da arte relacionado à IA na comunicação
científica, que recebe imput de dados com uma velocidade
exponencial, nem tiveram a intenção de superar as necessidades
de informação sobre a atividade de autores, revisores e editores.
No entanto, esta contribuição pode deflagrar reflexões mais
abrangentes sobre aplicações da IA na pesquisa.
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ASSISTÊNCIA DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Este conteúdo intelectual é a produção autêntica de um ser
humano e não sofreu influência de qualquer pessoa que pudesse
induzir o autor em sua linha de raciocínio.
A atividade empírica de teste de prompt para certificação do
que foi proposto na seção "Recomendações para Construção de
Prompt" foi realizada com assistência do ChatGPT versão 4.0 da
OpenAI em 03 de julho de 2024. A tradução do resumo para o
inglês foi realizada com a mesma tecnologia, em 04 de fevereiro
de 2025.
Após o uso da tecnologia, o autor fez a curadoria do conteúdo
mediante revisão e edição. O texto conta com apenas um autor,
que declara ter seguido todos os critérios de autoria do ICMJE,
assumindo inteira responsabilidade pelo conteúdo intelectual
apresentado.
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